24/10/2024 as 08:25

DESCASO

Hospital de Canindé é reprovado por Sindimed, CRM e pelo CFM

Fiscalização expõe situação crítica: precariedade revela riscos a pacientes

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Hospital de Canindé é reprovado por Sindimed, CRM e pelo CFM

Na manhã da última terça-feira, 22, o Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed), o Conselho Regional de Medicina (CRM-SE) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) realizaram uma fiscalização no Hospital de Pequeno Porte Haydée de Carvalho Leite Santos, situado no município de Canindé de São Francisco, no Alto Sertão sergipano.

A ação foi motivada por denúncias recebidas e revelou uma série de irregularidades e condições precárias que colocam em risco tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes atendidos na unidade. A inspeção foi coordenada pelos presidentes do CRM-SE, Jilvan Pinto Monteiro, e do Sindimed, Helton Monteiro, com a participação do conselheiro do CFM, José Elerton Aboim, do diretor executivo do Sindimed, Alfredo Andrade, e da conselheira do CRM, Tiziane Cotta Machado. Ao chegarem ao hospital, os profissionais se depararam com um cenário alarmante, com diversas irregularidades que colocam em risco a saúde de pacientes e a segurança dos médicos.

Condições deploráveis
O hospital, que deveria oferecer serviços essenciais à população, apresenta problemas de princípios básicos, como a ausência de um laboratório funcionando 24 horas. O laboratório é externo e realiza exames apenas de segunda a sexta-feira, durante o dia. Exames essenciais, como os de enzimas cardíacas — fundamentais em casos de dor torácica —, não são feitos na unidade. Essa deficiência obriga os pacientes a serem transferidos para outros municípios, colocando em risco suas vidas.

Além disso, a estrutura física da unidade está em ruínas: paredes e tetos apresentam infiltrações e mofo, algumas portas apresentam deterioração, e equipamentos como macas e leitos estão em estado degradante. A farmácia do hospital também é deficitária. Os banheiros são insalubres e não oferecem condições mínimas de higiene, aumentando a possibilidade de contaminação. “Essa inspeção é fundamental porque traz à tona uma realidade alarmante que não pode mais ser ignorada. Encontramos condições absolutamente precárias, que comprometem a integridade do trabalho médico e, pior ainda, colocam em risco a vida dos pacientes. Não se trata apenas de expor problemas, mas de cobrar soluções imediatas e pressionar para que os gestores cumpram sua responsabilidade”, sublinhou Helton Monteiro.

“A situação é lastimável”, disse Jilvan Pinto Monteiro. “Encontramos locais sem oxigênio nas enfermarias, falta de material para forrar os leitos, e a ausência de leitos pediátricos, mesmo atendendo casos de pediatria, clínica médica e parto”, complementou. Outra denúncia preocupante diz respeito à ameaça da Secretaria Municipal de Saúde de reduzir o número de médicos em plantão. Atualmente, a unidade conta com dois médicos, mas há a possibilidade de que, a partir da próxima semana, apenas um médico fique responsável por atender cerca de 140 pacientes por dia. Atualmente, o hospital conta, além de dois médicos, com quatro enfermeiros e oito técnicos em enfermagem.

Além das questões estruturais e de atendimento, a fiscalização também revelou problemas graves relacionados ao vínculo empregatício dos médicos que trabalham no hospital. Muitos profissionais atuam sem contrato estável, o que compromete sua segurança e autonomia no exercício da medicina. “Os médicos estão sendo ameaçados de demissão, e o plantão, que já é caótico, pode se agravar ainda mais com essa redução”, lamentou Helton Monteiro.