20/06/2025 as 08:45

CUIDADO REDOBRADO

Período junino exige cuidado com relação aos riscos de queimaduras

As tradições da época trazem consigo perigos como fogos de artifício, fogueiras e líquidos quentes; somente nos primeiros 15 dias de junho

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Fogos de artifício, fogueiras e líquidos inflamáveis são os protagonistas de dezenas de acidentes que, todos os anos, chegam à Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse). Com a intensificação dos festejos juninos e a proximidade das celebrações de São João e São Pedro, o hospital reforça o alerta sobre o risco que pode deixar marcas para a vida inteira.

A Unidade de Queimados do Huse é a única especializada do estado de Sergipe. Destinada, exclusivamente, a pacientes em estado grave, segue critérios rígidos para internação, como queimaduras de terceiro grau, áreas corporais extensas ou lesões em regiões sensíveis como rosto, mãos e genitais. 

Coordenada pelo cirurgião plástico Bruno Cintra, a unidade funciona com equipe multidisciplinar composta por cerca de cem profissionais, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e técnicos. O atendimento é voltado exclusivamente para casos graves, conforme critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. “A gente atende apenas os casos graves. O paciente passa por triagem no pronto-socorro, é avaliado pelo cirurgião plástico e, se necessário, encaminhado para internação. Queimaduras de terceiro grau, que não cicatrizam sozinhas, ou que atingem áreas nobres do corpo, como mãos, rosto, pés e genitais, são os principais motivos de internação”, explica Bruno. 

A média de internação na unidade é de 11 dias, um tempo considerado curto diante da gravidade das lesões e da média nacional, que gira em torno de 21 dias. “Estamos conseguindo uma recuperação mais rápida, mas isso não elimina os impactos físicos, emocionais e sociais para os pacientes e suas famílias. Por isso, o ideal é prevenir”, reforça.

De acordo com dados do Huse, no ano passado, na primeira quinzena de junho, foram realizados 12 atendimentos por queimadura no pronto-socorro, e cinco por fogos. Já em 2025, no mesmo período, já foram 16 atendimentos de queimadura em geral, sete  por fogos de artifício. Na UTQ, no ano de 2024, também nos primeiros 15 dias de junho, foram realizadas 11 internações, sendo quatro por fogos de artifício. Em 2025, no mesmo período, já foram seis admissões, duas delas por fogos de artifício. 

Entre os pacientes internados na Unidade de Queimados está Marcos Antônio Wellandau Neto, de 28 anos, vítima de um busca-pé durante tradicional festa em Estância. Mesmo sem estar participando diretamente da guerra de busca-pé, foi atingido no rosto ao sair da casa de um amigo. “Faltou muito pouco para eu ficar cego. Vi tudo preto na hora. Só penso no meu filho pequeno, que está me esperando em casa. É muito arrependimento. A gente precisa ter mais cuidado. É uma brincadeira que pode custar muito caro”, desabafa Marcos.