14/06/2021 as 15:49

ENTREVISTA

O convidado de hoje é o sergipano Eduardo Prado, Mestre em Ciências e Engenheiro Eletrônico



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O convidado de hoje é o sergipano Eduardo Prado, Mestre em Ciências e Engenheiro Eletrônico

Eduardo Prado, Mestre em Ciências (COPPE/UFRJ) e Engenheiro Eletrônico (UFRJ).


Atualmente é consultor de inovação e desenvolvedor de negócios com experiência internacional atuando nas áreas de Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Big Data & Analytics, Saúde Digital e Agricultura Inteligente (Agricultura 4.0). Tem sólida experiência em ajudar empresas na exploração de novas oportunidades de negócios. Destacada visão estratégica de novos negócios baseada nas tendências tecnológicas mais modernas. Morou por algumas décadas em São Paulo e também nos Estados Unidos e agora retornou para sua terra natal Aracaju. Vamos falar sobre Inteligência Artificial na saúde. Sites: Convergência Digital = https://bit.ly/32uOQKy / Saúde Business = https://bit.ly/39T6bQq / E-mail: eprado.sc@gmail.com.

Thaïs Bezerra - A curiosa pergunta é, porque a decisão de voltar a morar em sua terra natal, depois de décadas em São Paulo e um tempo nos Estados Unidos?
Eduardo Prado - Verdade. De fato, depois de passar por vários lugares no Brasil e no mundo na minha vida resolvi voltar para Aracaju onde eu nasci. Por que? Por duas razões principais: a primeira por que na situação atual da pandemia posso trabalhar em qualquer lugar do mundo de forma (adoro isso) e a segunda o impacto da desgraça da Covid me fez repensar meus sentimentos do passado bem como meus valores existenciais.

TB - Na sua visão qual o impacto que a pandemia causou na saúde mundial?
EP - O impacto foi brutal e pegou a saúde mundial no “contra pé” realçando de forma de forma exponencial as limitações e o anacronismo das prestações dos serviços de saúde. O serviço de saúde em todo o mundo era “analógico” e agora tem que ser “digital” a fórceps. No modo “analógico” a saúde se baseava no modelo presencial. No “digital” a saúde se baseia nas ferramentas digitais (p. ex., telemedicina) e nos dados dos pacientes (prontuário, exames clínicos e imagens, pelo menos). O “dado” é o “novo óleo” da economia. Quem tem dado, manda! A saúde “digital” está em sintonia com o processo de transformação digital das organizações. O nirvana dessa época será alcançado quando houver interoperabilidade dos dados dos pacientes entre diferentes instituições de saúde (coisa que a União Européia já começou a perseguir apesar da gritaria). A interoperabilidade depende de atitude do Governo Federal.

TB - Como a Inteligência Artificial (IA) pode colaborar com o avanço na área de saúde nesse grave momento?
EP - O principal “alimento” da IA é o dado. Sem dados a IA não progride. Dessa forma, em um estágio de saúde “digital” está no seu habitat natural e pode prestar serviços diferenciados (p. ex., medicina preditiva) para todos os pacientes. Esse processo não é simples pois além da “barreira de entrada” de uma tecnologia ainda temos que esperar as instituições de saúde “digitalizar” seus dados. Mas o futuro vale a pena!

TB - É possível fazer essa transformação digital no Brasil, onde a grande maioria da população depende do SUS?
EP - Com toda certeza. O SUS é um dos melhores modelos de saúde do mundo (p. ex., similar ao famoso NHS britânico). Só depende de atitude e visão estratégica do Governo Federal.

TB - Com a sua larga experiência na IA, como a medicina preventiva pode funcionar em nosso país?
EP - Com a “digitalização” da saúde do SUS, o Governo poderia investir em algoritmos preditivos de saúde. Se eu pudesse sugerir (e alguém me ouvisse) eu apostaria em serviços de medicina para doenças crônicas para começar. Eu focaria a curto prazo em Diabetes Tipo 2, Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), Doença Renal e Hipertensão. O retorno de custo e bem estar das pessoas seria descomunal.

TB - Muita gente não conhece a IA. Como atualizar a formação de profissionais da saúde nessa avançada área?
EP - Eu não conheço o mercado de educação local mas apostaria na oferta de novos cursos de IA em 03 diferentes níveis, a saber: 1) escola técnica, 2) graduação; e 3) pós-graduação. Este é um modelo ideal e onipresente mas poderíamos iniciar de forma mais modesta, como p. ex., criando cursos de Bacheralado de IA. Em 2019 tivemos a criação de dois deles no Brasil: um na UFG (Goiás) e outro na UFPb (Paraíba).

TB - Quais as considerações finais para os sergipanos sobre Inteligência Artificial?
EP - Vamos apostar juntos nesse novo momento na criação de uma nova mão de obra de alto valor de mercado que desenvolva aplicações de IA. Se você não conhece uma aplicação de IA para saber o valor disso, tem uma que você usa quase todo o dia. Qual é? O Waze... done!