TB Entrevista Jairo Marques

Aracajuano, Carioca e Caipira, ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro, foi criado no interior de São Paulo e escolheu Aracaju para viver – há 17 anos. Bacharel em Ciências Biológicas e Mestre em Genética e Evolução pela Universidade Federal de São Carlos/SP, Jairo Marques é discípulo da educação e pesquisa. Parceiro de projetos relacionados a Genética Molecular, desvenda aspectos moleculares da Síndrome de Down, sequenciamento de DNA, clonagem de genes, diagnóstico de doenças por análise de DNA, exames de paternidade humano e animal. Com mais de 30 carimbos no passaporte, fascinado por viajar, devaneia: “culturas, museus, templos, prédios históricos e obras de arte”. Singelo e surpreendente, sua bagagem não pesa. Namorado da garota de mesma ressonância cósmica, “lírio do meu penhasco”, define, Jairo Marques é o nosso entrevistado.

THAÏS BEZERRA - Como se tornou professor? E por que ser um geneticista?
JAIRO MARQUES - Acaso e paixão. No quarto período da graduação, fui convidado para lecionar em curso pré- -vestibular do CAASO-USP – e flechado. Quando entrei na graduação de biologia pensando em trabalhar com biologia marinha, influenciado pelo hobby de mergulhar e pelos trabalhos e expedições de Jaques Cousteau, concomitantemente conheci a genética molecular e sua potencialidade de responder diversas questões sobre a vida, sobre as doenças, sobre a humanidade. Mais uma vez, me apaixonei...

TB - Existe alguma curiosidade comum e especulações sobre a evolução. Como você se posiciona?
JM - A forma como o DNA atua na determinação das características é a mesma em todos os seres vivos - na bactéria, inseto ou ser humano. A mesma linguagem química. O DNA de todos os seres vivos armazena e transmite suas informações através das sequências das substâncias químicas que o compõem. AMOR, por exemplo, transmite uma informação. Se alterarmos esta sequência, a informação também muda, ROMA, MORA, ORAM... O DNA é assim. Na sequência de suas substâncias químicas está escrito como construir um ser completo.

TB - Na sua percepção como observa a relação entre ciência e espiritualidade?
JM - Por muitos anos flertei com as teorias agnósticas e ateístas, porém questionando “como poderia surgir ao acaso uma molécula tão complexa, tão perfeita como o DNA?”. A vida se incumbiu de me mostrar algo que a ciência não pode explicar. Acredito que Deus criou a vida, a molécula básica para a vida, o DNA e, a partir daí os seres vivos evoluíram até atingirem o estágio de consciência, que somos nós. O nosso livre arbítrio está sendo muito testado, principalmente nossas ações em relação ao ambiente e, mais recentemente, com nossas escolhas na área de genética, como a clonagem, a seleção genética de embriões e a criação de seres humanos transgênicos - dilemas científicos perigosos e eticamente questionáveis.

TB- O que alimenta e inspira a alma do professor Jairo?
JM – Realização - participar da evolução do adolescente que entra na faculdade ou do adulto diplomado. Sou feliz educando, demonstrando, cooperando, esclarecendo – ou, pelo menos, tentando. Descomplicar os conteúdos científicos e o brilho nos olhos dos alunos, vê-los crescer e conquistar seus sonhos. Sensação de recompensa.

TB - Projetos?
JM - Novos, não. Vou voltar para o ensino médio. Adoro despertar a curiosidade destes alunos, provocar interesse pelo conhecimento, tentar fasciná-los com o exercício do aprender - uma atividade que deixei e me arrependi, estou morrendo de saudades. Atualmente leciono no ensino superior e pós graduação. A adolescência é uma fase complexa, exige bastante. O aluno tem de tomar a séria decisão sobre a carreira, talento e mercado que ainda não conhece bem ... o que pode influenciar o resto da sua vida. Há ainda a interferência dos hormônios, relações interpessoais, da vida digital, namoros, entre outros. Isso tudo isso gera dúvidas e questionamentos, uma revolução no seu ser. Precisam de uma boa orientação - e não de alguém que decida por eles. Um professor experiente, motivador, que o estimule a crescer e pensar, para a consequente melhor decisão. É uma missão que me chama a retornar.