22/11/2021 as 12:12

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O estetoscópio encantado em pandemia detrás das máscaras

Ricardo Azevedo Barreto é graduado em psicologia, mestre e doutor pelo Instituto de Psicologia da USP

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Este livro conduz, como um estetoscópio encantado em busca do coração da humanidade e do mundo, ao sagrado e ao encanto detrás das dores e máscaras da vida social na atualidade. Possui belos prefácios e/ou comentários sobre minha obra dos estimados doutores Déborah Pimentel, Lúcio Prado Dias e Henrique Batista e Silva.

Tem sensíveis ilustrações das amadas Ceiça Barreto, minha mãe, e Lara Barreto, minha À lha, que também fez a capa com seu dom artístico. Tem a nascente de sua Alma nas lembranças eternas de dois profissionais da saúde raros, cuidadores com uma sensibilidade incomum em sua Arte, medicamentos para seus pacientes e sua comunidade: meu amado pai, José Augusto Soares Barreto, e meu querido amigo, José Roquennedy Souza Cruz.

A foz do presente escrito se desenha nos sentimentos despertados no momento singular da pandemia do novo coronavírus, vírus com coroa e sem solidariedade pelos que sofrem, e da doença causada por ele: a covid-19. No tecido discursivo do livro, encontram-se átrios, ventrículos, artérias, veias e capilares do coração-linguagem que pulsa poeticamente e, dessa forma, faz uma homenagem a todos aqueles que se constituem remédios ao Planeta Terra neste momento pandêmico e em cada página de sua História. A coisificação dos humanos e dos relacionamentos sociais se tornou uma pandemia.

O mundo necessita de seu reencantamento, e a espera pode ter lágrimas, não da poesia, mas da selvageria do animal que habita a pessoa gente. Há uma espécie de “pandemização” dos estilos de vida adoecidos, dos modos insensíveis e relacionamentos tóxicos do existir na Terra. A proliferação da covid-19 é uma de suas expressões. Por outro lado, uma pandemia de saúde pode ocorrer contra a correnteza da patologia global da humanidade. Nosso Planeta desterrado está de ponta-cabeça no Universo sem direito a paraquedas em suas rotações de embriaguez. Cuidadores sensíveis podem ser qualquer um, todos nós que temos a alma poética da Esperança e a Força Construtiva de um Mundo Novo para além dos olhos caídos acomodados.

Falo de seres humanos que sabem que suas palavras, seus gritos e Ações de Mudança têm as letras ou o alfabeto da Poesia, das Artes, da Bondade e da Perseverança que criam subversivamente novas línguas universais e particulares – mais amorosas no “Pluriverso” – com as potencialidades de fazer o globo terrestre girar de outras formas... É necessário à Terra girar com mais lucidez, sensibilidade e protagonismo psicossocial na montanha-russa da existência do mundo-coisa hipermoderno, globalizado, fragmentado, sofrido, “despatriotado”, sem quase sentir e memória, mas com aquelas resistentes e nada selvagens chuvas dos olhos que restam em alguns como enchentes generosas da Compaixão e da Ação Po... ética!

*Ricardo Azevedo Barreto é graduado em psicologia, mestre e doutor pelo Instituto de Psicologia da USP. É psicanalista do Círculo Psicanalítico de Sergipe (CPS), filiado ao Círculo Brasileiro de Psicanálise (CBP) e à International Federation of Psychoanalytic Societies (IFPS). Foi presidente do Círculo Brasileiro de Psicanálise (2014-2017). É escritor e poeta.