05/09/2022 as 09:16

ENTREVISTA

TB Entrevista Graziele Cabral

Ela também é professora, palestrante e escritora no Mato Grosso, e vai aterrissar em Aracaju no próximo dia 14 de setembro para participar do Legal Experience

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Você já ouviu falar sobre Metaverso? E metaverso no judiciário? A entrevistada desta semana é a juíza Graziele Cabral, juíza titular da vara do Trabalho de Colíder do Mato Grosso, do TRT 23ª Região, que vai abrir a mente de muita gente para o assunto, com importantes esclarecimentos sobre o tema. Ela também é professora, palestrante e escritora no Mato Grosso, e vai aterrissar em Aracaju no próximo dia 14 de setembro para participar do Legal Experience, evento produzido pela Revista dos Advogados no auditório do Hotel Quality.

No evento, a juíza vai abordar, dentre outras temáticas, a sua experiência enquanto supervisora do projeto pioneiro de uso do Metaverso no Judiciário. Bem, o Legal Experience será o primeiro evento realizado no Estado de Sergipe que irá abordar temas relacionados ao Direito e novas tecnologias. Acesse o @legal. experience.se e saiba mais sobre o evento e garanta seu ingresso. Vamos conversar com a juíza Graziele.

THAÏS BEZERRA - Em sua opinião, como o judiciário brasileiro vem enfrentando as inovações e avanços tecnológicos na busca de uma prestação jurisdicional mais rápida e eficaz? O judiciário está preparado para essa nova era virtual?
GRAZIELE CABRAL - O Poder Judiciário já vinha, mesmo antes da pandemia, sendo impulsionado e modificado pela tecnologia, seja pela necessidade de adequação às novas ferramentas de gestão processual, seja para adequar e melhorar a prestação jurisdicional quanto a agilidade, qualidade e acessibilidade. Posso dizer que o judiciário está se preparando para esta nova realidade virtual conforme o surgimentos das demandas, buscando se ajustar ao crescimento exponencial das mudanças e as formalidades legais que precisam ser preservadas.

TB - Considera que as soluções digitais geradas pelo avanço tecnológico com a utilização de novas ferramentas tornam o trabalho mais produtivo e desburocratizado, facilitando e otimizando o acesso dos jurisdicionados ao Poder Judiciário?
GC - Com certeza. Hoje o processo eletrônico é o grande responsável pela economia e celeridade processual, otimizando o trabalho de magistrados, servidores e advogados, bem como contribuindo para a entrega da solução dos conflitos de forma mais dinâmica e acessível ao jurisdicionado. A transparência e facilidade na consulta de processos, bem como a realização de audiências virtuais e híbridas, instalação de balcões virtuais, dentre outras ferramentas, fazem a diferença na qualidade e no prazo médio da finalização dos processos judiciais.

TB - A velocidade da utilização de novos instrumentos tecnológicos nunca esteve tão em evidência nos Tribunais e fóruns. Acredita que a pandemia impulsionou a evolução digital no meio jurídico?
GC - Com toda certeza. E o exemplo maior são as audiências telepresenciais que não existiam antes da pandemia e foram implementadas assim que as medidas de segurança e proibição do trabalho presencial passaram a vigorar e atualmente já passaram a ser rotina na pauta das unidades jurisdicionais.

TB - O que é o “Metaverso”? Evidencia-se uma nova realidade em que iremos transitar entre a realidade palpável e as plataformas tecnológicas. Quais reflexões devem ser levantadas a partir desse cenário?
GC - O metaverso pode ser considerado uma rede de mundos virtuais onde as pessoas replicam sua vida e seus interesses no universo digital, podendo interagir, fazer negócios e estabelecer conexões sociais por meio de seus “avatares” virtuais. Pode-se afirmar que é uma versão de realidade virtual da internet atual. A internet 3.0, com experiência imersiva, que possibilita uma conexão muita mais interativa, onde o usuário literalmente “entra” no ambiente virtual, diferente, por exemplo, dos grids 2D das plataformas atuais. A previsão é exatamente a existências de 2 mundos simultâneos, o real e o virtual, que serão utilizados conforme a vontade e conveniência do usuário.

TB - Qual seria a principal funcionalidade, qual o ganho do Direito a partir dessa nova realidade advinda do “metaverso”?
GC - Posso dizer que seria a acessibilidade com experiência mais real e imersiva. Hoje podemos e fazemos audiências telepresenciais com partes, advogados, servidores e magistrados presentes em vários locais diferentes, mas em plataformas virtuais em grid 2D, onde você vê e ouve os demais participantes passivamente, como se assistisse um filme, olhando de fora da situação. Com o metaverso as audiências poderiam continuar sendo realizadas a distância, mas em uma experiência imersiva, bem mais próxima da realidade, como se todos os participantes estivessem no mesmo local, através dos seus avatares, que a cada dia ganham uma aparência muito mais próxima da realidade, sendo que já se fala em possibilidade de avatares representados por hologramas idênticos ao ser humano que representam, mantendo as expressões faciais e demais características na sua representação virtual no metaverso.