19/12/2022 as 11:17

ENTREVISTA

TB Entrevista André Brito

Mais de 850 alunos já participaram dos seus cursos presenciais e acumula mais de 2.000 horas de prática pessoal entre treinamento diário, retiros e cursos sobre meditação e budismo

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O nosso entrevistado hoje é André Brito. Terapeuta e instrutor de meditação, certificado pelo Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção de Saúde – UNIFESP/SP; Facilitador de Programas de Compaixão formado pelo Instituto Cultivo (México); Graduando em Psicologia na Universidade Tiradentes; Cursa o último ano da formação em terapia para cura do trauma (SE – Somatic Experiencing); é também coordenador do Centro Budista Bodhgaya, em Aracaju. Em seus cursos, palestras e vivências, segue realizando seu propósito de inspirar pessoas no caminho da autodescoberta. Mais de 850 alunos já participaram dos seus cursos presenciais e acumula mais de 2.000 horas de prática pessoal entre treinamento diário, retiros e cursos sobre meditação e budismo. Para conhecer algumas das suas reflexões, basta conhecer o perfil @olharpradentro no Instagram. Profissional respeitado, esbanja energia do bem e referência na sua área. Vamos ao bate papo!

THAÏS BEZERRA - Qual o momento ideal para procurar um psicoterapeuta, como saber qual a hora ideal de buscar ajuda psicológica?
ANDRÉ BRITO - Existem opiniões distintas sobre esse ponto. Há quem pense que o momento ideal é quando a pessoa não consegue lidar sozinha com alguma questão emocional mais intensa. Outros, no entanto, acreditam que a psicoterapia não deveria ser associada apenas aos períodos nos quais a pessoa se sente “mal”, ou quando surge um diagnóstico de transtorno. Para mim, educação psicológica deveria ser item básico para evitar que tantas pessoas se desorganizem mentalmente com tanta frequência.

TB - Quais as queixas mais comuns apresentadas em consultório?
AB - Ansiedade, depressão e dificuldade de viver o luto. Às vezes, as três queixas estão presentes ao mesmo tempo.

TB - Quanto tempo dura a terapia? Tem prazo para acabar?
AB - O tempo de duração é relativo. Tem pessoas que manejam muito rapidamente com suas questões e se sentem confiantes para os enfrentamentos que a vida exige. Outras já são mais resistentes e demoram a aceitar a realidade que se apresenta. De qualquer forma, profissional e cliente deveriam avaliar juntos se a condução da terapia está trazendo benefícios para o cliente, de modo a considerar a alta terapêutica ou até mesmo fazer uma mudança de abordagem, indicando outro profissional.

TB - Qual o caminho que o terapeuta deve seguir para estabelecer e manter um vínculo com o paciente?
AB - Escuta compassiva e capacidade de acolher o sofrimento do cliente. Percebo que os clientes sentem quando um profissional está presente na sessão. Eles sentem que estão sendo ouvidos com atenção e cuidado. Para mim, esse é meio caminho para o processo fluir e o cliente poder realmente se descobrir mais e mais.

TB - É possível diminuir o fluxo de pensamentos na mente? Como acalmar o turbilhão de pensamentos, muitas vezes, indesejáveis?
AB - Sim, com certeza. Uma das formas mais eficientes que conheço é aprender a focar a atenção na respiração e aprender a respirar melhor. Tente fazer isso agora. Pare de ler e observe: quando você realmente prestar atenção a respiração de um modo mais cuidadoso, os pensamentos perderão força. A questão é que muitas pessoas não se esforçam para entender como a respiração é um aliado potente. Você ainda está lendo? Vamos lá, experimente agora!

TB - A incidência de pessoas com transtorno de ansiedade e depressão diagnosticada é uma crescente entre jovens. Como você avalia este crescimento da doença, na juventude?
AB - No período da adolescência e início da fase adulta, os jovens estão mais vulneráveis a distúrbios psicológicos devido às transições naturais dessa fase, como: as alterações hormonais, físicas e cerebrais. Contudo, alguns fatores externos são preponderantes para esse aumento. Entre eles estão o aumento da pressão para assumir riscos, tomar decisões e alcançar desempenho; necessidade de aceitação social; comparação e descontentamento com a imagem corporal, cyberbulling e carência de vínculo e conexão com familiares. Sendo esse último, em minha opinião, um dos principais desencadeadores de disfunções nessa fase.

TB - Com sua experiência, o que pode ser feito para manter uma boa saúde mental, evitar a ansiedade excessiva e manter o controle emocional?
AB - Ter boa qualidade de sono, fazer atividade física com frequência, se nutrir de coisas boas (alimentos físicos e mentais) e aprender como funciona a mente humana, se colocando como protagonista desse aprendizado. Observe cada uma dessas áreas da sua vida e comece a trabalhar para equilibrá-las. Você verá como isso pode fazer grande diferença.