10/04/2023 as 09:15

ENTREVISTA

TB Entrevista Chiquinho Ferreira

Nos seus mais de 40 anos de comunicação, Chiquinho já exerceu importantes trabalhos em sua brilhante carreira.

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O nosso entrevistado desta semana não é nada mais, nada menos, que o comunicador Chiquinho Ferreira. Nos seus mais de 40 anos de comunicação, Chiquinho já exerceu importantes trabalhos em sua brilhante carreira. Podemos citar, por exemplo, os cargos de secretário de Comunicação nos governos dos saudosos ex-governadores, Marcelo Déda e João Alves Filho. Atualmente, Chiquinho exercia o cargo de secretário de Comunicação do município de Itabaiana, município por quem tem muito apresso. Lá, construiu mais um trabalho que, com certeza, será lembrado positivamente. Após seu último trabalho, Chiquinho busca um novo desafio na área de consultoria. Desta forma, ele explica, durante a entrevista, como pensa a comunicação e como vai desenvolver este novo projeto juntamente com sua equipe. O objetivo é mostrar como tornar algo pequeno grande e o grande maior ainda.

THAÏS BEZERRA - Quais as suas maiores experiências em gestão pública?
CHIQUINHO FERREIRA - Nossa caminhada na gestão pública iniciou em 1991. É algo que é apaixonante e que eu amo fazer no dia a dia. Com muita luta e a confiança de várias pessoas, eu já ultrapassei os 40 anos de comunicação com ajuda sempre daqueles que confiaram e formularam convites para que Chiquinho estivesse à frente de comunicação no serviço público. Tenho uma gratidão enorme a todas essas pessoas e considero gratidão uma das principais virtudes que uma pessoa deve ter. O ser humano que não tem gratidão não serve como ser humano. Se não fosse pela gratidão, não chegaria onde cheguei. Lá atrás, um gestor chamado Wellington Paixão, prefeito de Aracaju, confiou em um radialista entregar sua gestão de comunicação. Quero continuar assim e quero prestar gestão pública de comunicação para várias prefeituras. Com isso, estamos formando uma equipe e estou mapeando as prefeituras para nas próximas semanas estabelecer contatos com os gestores municipais e apresentar a ideia de como eu penso e acho que é a realidade hoje da gestão. Na minha visão, ela tem que ser macro. Neste sentido apresentaremos aos municípios nosso projeto, agindo com transparência, decência e humildade, valores que sempre nortearam nosso trabalho.

TB - O que deve ser feito para que uma gestão seja destacável?
CF - Ao longo da nossa jornada, também percebi que às vezes é cultural alguns comportamentos que se tornam habituais. Um claro exemplo disso, é o que fizemos quando estivemos secretário de Comunicação do município de Itabaiana. Na Festa dos Caminhoneiros a cultura de ser realizada uma coletiva de imprensa sempre no gabinete do prefeito. Meio que uma coisa fechada. Como fazer um evento do porte que é a Festa dos Caminhoneiros, que atingiu na última edição um público de 80 mil pessoas por noite, em um gabinete? Como atrair os veículos de comunicação? Os veículos não vão se deslocar para o interior, ou mesmo em algum local na capital, se não houver algo que gere uma boa repercussão, conteúdo. Foi dentro da nossa luta de mudar essa cultura que conseguimos convencer o prefeito que havia necessidade de mudar. Realizamos mos um evento no Sesc Itabaiana, num espaço mais adequado. Produzimos matérias sobre a história do caminhoneiro, produzimos a entrada de uma criança, filho de caminhoneiro, puxando uma carretinha, fato que emocionou a todos os presentes. Criamos um cenário atrativo e conseguimos colocar as duas TVs de rede da capital dentro da cidade fazendo matérias ao vivo. Essas coisas não aconteceram por acaso. Aconteceram dentro desse planejamento da consultoria. A primeira edição da Sealba Agroshow também teve o stand da prefeitura altamente visitado, e foi um dos grandes destaques dentro da feira, porque houve esse ‘sentar’ e a distribuição de tarefas. O olhar do que colocar dentro do stand na lógica do evento que fosse atrativo. As coisas foram pensadas por uma equipe comandada pela primeira-dama e chefe de gabinete, Érica Pinheiro.

TB - Como funcionaria a relação entre o gestor, comunicação interna e externa?
CF - A comunicação externa só vai funcionar com a interna funcionando com perfeição. E essa me parece ser a grande dificuldade na maioria dos casos. Não há uma comunicação dentro da gestão. O secretário manda um ofício ou liga para a comunicação e fala sobre a cobertura que quer para um determinado evento, mas não especifica que tipo de evento é. Na verdade, o encaminhamento não deveria ser feito diretamente para a comunicação, mas para um órgão da gestão que possa receber essa demanda dos secretários, para que ele discuta qual é a melhor ideia para que esse evento que está sendo solicitado internamente tenha resultado altamente positivo externamente. Eu percebi que há essa dificuldade. Às vezes, o secretário, por exemplo, quer fazer, mas não tá na cabeça dele que aquilo que ele tem em mãos é algo extraordinário para a população. É aí onde entra a consultoria. Para orientar a gestão de que maneira o que será realizado pode ser grandioso. Na construção de uma creche, por exemplo, é importante que essa ordem de serviço não seja feito n gabinete, e sim que seja dada em um dispositivo dentro da comunidade em um horário conveniente para que a população participe e a imprensa possa estar presente. Eu estou me propondo, com o trabalho de consultoria, a mostrar como fazer. Uma creche causa um grande impacto positivo. Primeiro porque vai ter alguém auxiliando nos primeiros passos para a educação. Sem contar que às vezes há uma extrema dificuldade de a criança nem ter o alimento em casa e é lá onde terá as refeições.

TB - O que fazer para que uma pauta grandiosa se torne ainda maior, até mesmo para o âmbito nacional; assim como uma pequena se torne gigante?
CF - Depois de colocar um anúncio no local perfeito, é a hora que o boneco está pronto e a comunicação chega para embelezar. É preciso pensar de que maneira essa notícia pode chegar aos grandes veículos da capital, mesmo que seja do mais distante município. Vale ressaltar que às vezes são feitos eventos e nem a imprensa é convidada. O erro já começa daí. Se a imprensa não é convidada não se pode esperar que ela ‘enxergue’. Muitos veículos têm dificuldade de chegar até o local, mas é possível fazer com que a informação chegue até ela. Quando estive em Itabaiana, no período da pandemia da Covid-19, as aulas foram retomadas e os professores precisavam receber as vacinas. Encaminhamos o conteúdo e as emissoras veicularam. Temos que provocar a imprensa e usar todas as ferramentas possíveis para a divulgação. Ainda sobre Itabaiana, encontramos a página da prefeitura com 24 mil seguidores e em 20 meses de trabalho entregamos com 44 mil. Essa mudança ocorreu porque usamos alguns mecanismos e numa conversa com nossos futuros clientes teremos a oportunidade de expor como foi feito. Cada situação requer um modo de operar.

TB - Como seria uma consultoria/gestão de comunicação junto aos gestores municipais?
CF - Pretendemos fazer uma visita aos municípios, conversar com o gestor principal que é o prefeito, e com todos os secretários, até porque temos o diagnóstico dessa necessidade. O governo Lula já fez duas ou três reuniões com ministros. O governo Mitidieri já fez duas reuniões com seu secretariado e um Simpósio para avaliar e discutir as propostas de campanha. Em Itabaiana, fomos para dentro da gestão. A ideia da consultoria não é ocupar a função da comunicação.

TB - Você teve alguma experiência nesse tipo de gestão compartilhada?
CF - Um dos grandes sucessos que eu tive essa grande experiência foi durante o mandato do saudoso governador Marcelo Déda. A secretária de Comunicação na época, Eloísa Galdino, formou um grupo de assessores do governo e a mim foi confiada a coordenação dessa equipe de comunicação. Tínhamos reunião uma vez por semana com todos os assessores e estes tinham como meta conhecer as ações de todas as pastas que formam um governo. Quem conviveu com essa equipe sabe o quanto foi importante. O resultado foi a que maioria dos assessores permaneceram no mercado.