19/06/2023 as 11:51

ENTREVISTA

TB Entrevista Luciano Correia

O mês de junho é de festa nos quatro cantos do Estado de Sergipe. E o tradicional Forró Caju, uma das maiores festas do período entre as cidades do Nordeste, vai contar com 18 dias de festejos

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TB Entrevista Luciano Correia

O mês de junho é de festa nos quatro cantos do Estado de Sergipe. E o tradicional Forró Caju, uma das maiores festas do período entre as cidades do Nordeste, vai contar com 18 dias de festejos. Além dos shows na praça entre os mercados centrais, nos palcos Luiz Gonzaga, Gerson Filho e no Arraiá da Clemilda, inclui na sua programação a Marinete do Forró, o São João na Praça, o Circular Junino, o São João no Bairro e muito mais. O presidente da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), Luciano Correia, explica ao longo da entrevista a seguir como esse evento, realizado pela Prefeitura de Aracaju, fomenta o turismo na cidade e, consequentemente, em todo o estado de Sergipe, valorizando a cultura local, com a introdução maciça de artistas sergipanos na programação, com variedade musical - sem perder a tradição do forró - e incentiva a economia do município. 

Thaís Bezerra - Como os eventos do Forró Caju beneficiam a cidade?

Luciano Correia - O primeiro benefício é o cultural, do entretenimento ao lazer, opções de consumo cultural da melhor qualidade. Talvez o elemento mais forte da cultura nordestina, que é esse manifestado agora no período junino e de graça. Todos os eventos são gratuitos, o que não é uma coisa pouco importante, na medida em que cada vez mais a indústria cultural segmenta seus eventos e exclui grande parte da população que não tem oportunidade de ver grande parte dessas estrelas que estão no Forró Caju todos os anos e só tem esse momento para apreciar esses seus ídolos. Além disso, movimenta a cadeia econômica que está no entorno, que começa com o próprio Forró Caju na região do Centro da cidade, com pequenos comerciantes, camelôs; mas também donos de bares, com lojas que vendem indumentárias para quadrilhas, para dançar o forró, ou seja, tudo isso envolve o ciclo econômico junino. O consumo de comidas e bebidas típicas também. Sem falar no trade turístico composto da rede hoteleira, agências de viagens, locadoras de automóveis, empresas de transporte como ônibus e vans, que também recebem um investimento massivo e muito significativo. 

 

TB- Como existe essa conversa com o trade turístico? É vislumbrado com eles o quanto a capital cresce em turismo?

LC - No setor hoteleiro, cerca de 90% da rede hoteleira será ocupada nesse momento e isso é uma coisa significativa. Isso acontece no Réveillon, aconteceu no Projeto Verão, graças a esse investimento, porque não era assim e se não fossem por esses eventos, não chegaríamos a esses patamares. São dados significativos e isso é multiplicado para a cadeia do entorno. Na medida em que os hotéis estão cheios, as vans estão sendo alugadas, os passeios turísticos complementados para os turistas que vêm de fora que vai para a festa à noite, mas durante o dia faz um passeio pelo interior. São setores agregados que estão vinculados à produção desses eventos. 

TB - Como foi feita a logística para que a Prefeitura de Aracaju pudesse colocar essa quantidade de dias de festejos juninos?

LC- Isso não é uma coisa simples. O próprio Forro Caju que acontece na Praça dos Mercados, mas em dois palcos, ou melhor em três palcos, porque o palco Luiz Gonzaga são dois, e o palco Gerson Filho que traz de volta este ano o Arraiá da Clemilda. Tudo isso traz uma estrutura complexa, porque isso carrega muita responsabilidade para que não provoque acidentes ou coloquem em risco as pessoas, os artistas e outras pessoas que estão trabalhando. Que traga segurança, conforto, tranquilidade, mobilidade, para que isso não se transforme em dificuldades de movimentação lá dentro. Tudo isso é levado em conta e foi verificado na edição do ano passado do evento, que foi sucesso de público, programação, mas também de estrutura. Os festejos juninos da Prefeitura de Aracaju hoje é o top da programação junina do estado, é o evento mais emblemático da cultura musical sergipana. Ele carrega a marca da Prefeitura de Aracaju e de suas secretarias, com a Funcaju, Semdec, Emsurb, Emurb, Secom, Assistência Social, SMS e tantas outras que se somam também no planejamento, execução e sucesso desses eventos.

 

TB - Esse trabalho mostra a boa organização e diálogo prezados pela gestão para a realização de um evento como este?

LC - Isso é fruto da capacidade de liderança do prefeito Edvaldo Nogueira, que acompanha, rigorosamente, todas as etapas. Quando é feita a vistoria, o prefeito olha pregos e, não raro, ele, inclusive, desfaz coisas que já estavam sendo feitas. Ele tem um olhar quase que de um engenheiro, pela experiência que ele tem como gestor há um tempo, não só pela experiência, mas pelo zelo que ele tem, pela responsabilidade que ele tem com esses eventos públicos, que reúnem um grande número de pessoas, mas pela marca que é a sua gestão, fazer tudo com muito esmero, com muito cuidado, para entregar à população eventos dignos. 

TB - Como ocorre a valorização dos artistas sergipanos durante a programação do Forró Caju 2023? 

LC - No ano passado nós tivemos 18 artistas nacionais e 12 locais no palco Luiz Gonzaga. Este ano, nós teremos uma participação ainda maior. Este é o palco que tem o maior público, porque alcança maior visibilidade na mídia, mas isso não ofusca a riqueza e grandeza do palco Gerson Filho, que está logo ali do lado, servindo de consolidação de artistas de talentos emergentes na música sergipana e que tem cada vez mais revelado os talentos e se consolidado como uma importante janela de divulgação e circulação das produções desses artistas. Esse é um palco 100% de artistas locais, com uma programação riquíssima, acrescida das quadrilhas juninas que é outra vertente que nós temos investido de maneira muito efetiva desde antes da Lei Aldir Blanc, com um projeto próprio que foi o Janela Para as Artes, depois com a Lei Aldir Blanc e no Forró Caju do ano passado fizemos um aporte significativo para manter viva a tradição das quadrilhas aqui. 

TB -O que a Prefeitura de Aracaju e a Funcaju tem recebido de retorno de fora do estado com a divulgação do Forró Caju?

LC - Ainda hoje, um jornalista de uma emissora local estava lembrando que a TV Bandeirantes abriu uma discussão sobre quem faz o melhor São João do Nordeste e foram apontados os nomes de Caruaru, Campina Grande, capitais não surgiram e um jornalista, Cláudio Humberto, que é um nome nacional do jornalismo radicado em Brasília, comentou que não estavam mencionando Aracaju. É esse tipo de imagem que a gente projeta para o resto do Brasil, que é uma capital de médio porte, mas que é uma capital moderna e muito bonita. Nós não temos um patrimônio histórico como Laranjeiras e São Cristóvão. Aracaju é uma cidade de arquitetura moderna, população jovem, mas que mantém muito viva a tradição cultural na área da música e das manifestações culturais, do seu folclore então. Como a gente equilibra tudo isso no Forró Caju, o que a gente projeta para o Brasil é essa ideia de uma capital que faz uma festa de raiz, mas com todos os ingredientes da modernidade e que fazem dos nossos eventos um palco privilegiado.