03/07/2023 as 11:00
ENTREVISTADurante todo o mês de junho, aconteceu o “Junho Violeta”, campanha criada em 2018 pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia ( SBO) para orientar a população sobre o ceratocone, uma doença oftalmológica que altera a visão.
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Durante todo o mês de junho, aconteceu o “Junho Violeta”, campanha criada em 2018 pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia ( SBO) para orientar a população sobre o ceratocone, uma doença oftalmológica que altera a visão. O intuito da campanha é informar que o “simples” ato de coçar os olhos pode causar um avanço acelerado da doença. Para falar um pouco sobre o Ceratocone, cuidados e tratamentos, convidamos a oftalmologista do Hospital de Olhos Rollemberg Gois (HORG), Dra. Fernanda Vasconcellos. Confira:
Thaís Bezerra - O que é ceratocone é o que causa?
Fernanda Vasconcelos - Ceratocone é uma doença não inflamatória que afeta a córnea (parte mais anterior e transparente do olho), gerando afinamento e protrusão da mesma, que adquire formato aproximado de um cone. É bilateral, mas geralmente um olho é mais afetado (assimetria). O ceratocone decorre de fatores genéticos- por fragilidade estrutural da córnea - e ambientais, principalmente pelo ato de coçar os olhos. Quando coçamos os olhos, o trauma pode quebrar mecanicamente estruturas importantes da córnea, que afina e se curva.
TB – O ceratocone é considerada uma doença grave?
FV - A doença acomete entre 0,5% e 3% da população mundial e pode levar a altos graus de astigmatismo e miopia, prejudicando a visão, que pode ficar distorcida e sombreada. Casos mais graves, que correspondem a menos de 10%, precisam de transplante de córnea.
TB- Esse tipo de doença pode atingir pessoas de todas as idades?
FV - O ceratocone geralmente aparece na pré-adolescência e progride até os 35 a 40 anos de idade, quando tende a se estabilizar se o paciente não coçar os olhos.
TB- O que pode ser feito para evitar a doenças, e uma vez diagnosticada tem como ser revertida?
FV- Coçar os olhos pode agravar e até desencadear o ceratocone. Pressionar os olhos ou dormir de bruços também podem causar a progressão da doença. A conjuntivite alérgica é a principal causa de coceira nos olhos, que pode vir associada ao lacrimejamento, vermelhidão, edema palpebral e fotofobia (sensibilidade à luz). O acometimento ocular pode ocorrer isoladamente ou como parte de um quadro de alergia sistêmica, concomitante a dermatite, rinite, bronquite ou asma. O olho seco é outra causa importante de prurido (coceira) ocular. O uso excessivo de equipamentos eletrônicos com telas pode desencadear olho seco, pois piscamos menos os olhos, causando irritação e prurido.
TB- O que pode ser feito para evitar a doença?
FV- Coçar os olhos pode agravar e até desencadear o ceratocone. Pressionar os olhos ou dormir de bruços também podem causar a progressão da doença. A conjuntivite alérgica é a principal causa de coceira nos olhos, que pode vir associada ao lacrimejamento, vermelhidão, edema palpebral e fotofobia (sensibilidade à luz). O acometimento ocular pode ocorrer isoladamente ou como parte de um quadro de alergia sistêmica, concomitante a dermatite, rinite, bronquite ou asma. O olho seco é outra causa importante de prurido (coceira) ocular. O uso excessivo de equipamentos eletrônicos com telas pode desencadear olho seco, pois piscamos menos os olhos, causando irritação e prurido. Então, é importante diagnosticar a causa da coceira para podermos tratar de forma adequada.
TB – Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico?
FV - Os primeiros sintomas são alterações na visão: embaçada, dupla ou distorcida, fotofobia e comprometimento da visão noturna. Muito comum também o aumento da miopia e do astigmatismo (piora refracional). O diagnóstico se inicia no consultório oftalmológico, com anamnese (história, queixa, histórico do paciente…), exame refracional (grau) e a evolução do mesmo, exame biomocroscópico da córnea na lâmpada de fenda e medida do potencial de acuidade (PAM). Em caso de suspeita, solicitamos alguns exames complementares, como: topografia, paquimetria, microscopia especular e tomografia de córnea (exame padrão-ouro para o diagnóstico).
TB- Existe tratamento para essa doença? Como é feito?
FV- O tratamento é individualizado e depende do estágio (são 4 estágios) e progressão do ceratocone. Pode ser clínico, quando a doença está estabilizada ou em estágio muito inicial, com prescrição de óculos e lentes de contato, bem como o controle da alergia ocular e do olho seco. Quando a doença está progredindo, está indicado o tratamento cirúrgico, a fim de estabilizar o ceratocone. Os procedimentos disponíveis são: crosslinking, no qual se instila vitamina B2 na córnea seguido de luz ultravioleta para fortalecer as moléculas de colágeno e tornar a córnea mais resistente; implante de anel intraestromal na córnea (anel de Ferrara), para regularizar a curvatura, melhorar a qualidade visual e auxiliar na estabilização da doença e o transplante de córnea, indicado nos casos mais graves, geralmente com cicatrizes na córnea.