TB Entrevista Antônio Hora Filho

O presidente da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), o sergipano Antônio Hora Filho, é gestor do segmento esportivo com mais de 20 anos de experiência. Atualmente é vice-presidente da International School Sport Federation – ISF. Ocupou diversos cargos públicos no Governo do Estado do Sergipe, sendo o último, secretário municipal do Esporte. Foi atleta e árbitro de futebol. Possui fortes qualidades de liderança, foco no planejamento e experiência em gestão de mega eventos com participação efetiva da CBDE no âmbito nacional e internacional tendo realizado 73 campeonatos brasileiros e 11 torneios Internacionais no Brasil.

THAIS BEZERRA – A carreira de dirigente internacional ganhou mais um título. Mestre em Gestão Esportiva da Sociedade Olímpica Internacional. Como foi essa experiência?
ANTÔNIO HORA – Após concluir o CAGE curso avançado de gestão esportiva realizado pelo Comite olímpico brasileiro tomei conhecimento de um mestrado internacional, porém havia um limite de vagas a cada dois anos e o processo seletivo era muito rigoroso. Além de tudo cada país só poderia indicar um único candidato a vaga. Parecia realmente impossível. Mas em silêncio consegui uma carta de indicação da ISF e me inscrevi. Quando tudo apontava que teria sido em vão recebi o e-mail de confirmação da vaga pois a entrevista e a análise de currículos convenceram que eu merecia ser mestre internacional em gestão. Mesmo agora após ter concluído não consigo acreditar que consegui

TB – Em 2022 na França você foi eleito o vice-presidente da Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF), outro momento marcante de sua carreira?
AH – Realmente mais uma missão quase impossível que se realizou. O momento era de oportunizar as mulheres e havia uma mulher que fala 5 idiomas, muito bem articulada que estava fazendo campanha de maneira muito atuante; outro candidato era um ucraniano e todo mundo estava sensibilizado com a questão da guerra, ele fez um discurso em defesa da sua candidatura que emocionou o mundo. Portanto minhas chances seriam muito pequenas. Fiquei então em apresentar o que estávamos realizando no Brasil, nosso case de sucesso nos brindou com uma vitória surpreendente. Os candidatos derrotados não aceitaram bem a derrota e guardam ressentimentos até hoje.

TB – O Brasil tem papel importante no desporto escolar mundial. Em 2016, por exemplo, o país foi eleito para ser sede, em 2017, de três grandes mundiais escolares: Tênis, Triatlhon e o sulAmericano. Antônio Hora teve influência nessas escolhas?
AH - Sendo presidente sou responsável pela estratégia institucional e toda candidatura é montada alicerçada na estratégia. Todos os eventos internacionais realizados no Brasil partiram da minha iniciativa estratégica de mostrar ao mundo nosso poder de organização.

TB – Sergipe também tem se beneficiado de ter um dirigente no comando da CBDE. O Estado recebeu eventos importantes nos últimos anos...
AH – Já sobre Sergipe sou suspeito de falar. Ao longo da minha carreira de gestor sempre trouxe megaeventos para nossa cidade. Mesmo antes da CBDE estive um tempo no esporte universitário e não época trouxe um brasileiro universitário para sergipe em parceria com a Umiversidade Tiradetes. Na oportunidade tive o privilégio e a honra em ser orientado por duas pessoas que reputo na mais alta estima: Magnífico Uchoa e Prof Manoel Luiz que era o coordenador de esportes da Tiradentes. Aquela competição até hoje é lembrada por todos que aqui estiveram como um marco em qualidade de organização.

TB – A Gymnasiade deste ano mostrou que a CBDE faz um trabalho brilhante. Com 282 medalhas, o Brasil terminou a Olimpíada do Desporto Escolar em primeiro lugar, superando a gigante China, com 97 medalhas. Isso te orgulha?
AH – Tento não me envaidecer com as realizações alcançadas. Tenho um propósito de vida de servir a uma causa que me realize. Nasci para servir e o orgulho contamina a essência. Sinto que estou fazendo a coisa certa e trabalho a mente para entender que sou apenas um cara fazendo o que tem que ser feito. Não é motivo de orgulho, sinto cumprir minha missão e a faço dando sempre o meu melhor. Quando o meu melhor é insuficiente para louvar êxito me especializo em tirar o melhor de todos que trabalham comigo. Aí então não tem como dar errado.

TB – E a próxima Gymnasiade, onde será?
AH – Gymnasiade U18 será realizada no Bahrein no mês de outubro de 2024 e pretendemos levar uma delegação muito forte, pois realizaremos seletivas em várias modalidades. Pensamos em mais uma vez trazer algo pra Sergipe. Por fim gostaria de deixar uma mensagem que me foi dedicada por uma professora da banca que avaliou minha defesa do mestrado em Lousanne na Suíça. “El buen luchador retrocede pero no abandona; se doblega pero no renuncia. Si ante él se yergue lo imposible, da un rodeo y llega más lejos. Si le falta aliento, descansa y espera. Si queda fuera de combate, anima a sus compañeros con su palabra y su presencia. E incluso cuando todo se derrumba a su alrededor, la desesperación no penetra en su interior.” A frase de Pierre de Coubertin resume minha essência. Me sinto um bom lutador que muitas vezes sou obrigado a me curvar, retroceder, contornar, esperar, descansar, … e mesmo guando a batalha se mostra perdida não deixo que o desespero se infiltre em meu ser. Me sinto um sobrevivente! E cada dia mais forte.