05/05/2022 as 08:38

ATENDIMENTO

Servidores acusam INSS de utilizar robôs para análise de pedidos

Em Sergipe, cerca de 30 mil pessoas estão na fila aguardando atendimento

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Com déficit de cerca mil servidores, os trabalhadores do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) de Sergipe acusam o órgão de utilizar robôs para analisar requerimentos de pedidos de benefícios, e milhares estão sendo negados automaticamente.

A categoria, que está há mais de um mês em greve, tem denunciado uma série de problemas internos na instituição e solicita que seja realizado concurso público para suprir o quantitativo de funcionários necessários para atender a demanda. No entanto, o que ocorreu, segundo os servidores em uma denúncia publicada no site oficial da Central Única dos Trabalhadores (CUT) nacional, é que estão sendo utilizados robôs para avaliar os processos, o que tem gerado problemas aos trabalhadores. Conforme a CUT, o INSS acumula uma fila de mais de um milhão de pessoas aguardando por atendimento.

Em Sergipe, de acordo com o presidente do Sindicato em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindiprev), Joaquim Antonio Ferreira, são cerca de 30 mil na fila, que levam mais de oito meses para atendimento. “Há mais de três meses, para reduzir a fila de espera do INSS, a direção do Instituto decidiu fazer análises de pedidos de concessão de benefícios por meio de inteligência artificial. Achavam que, com isso, dariam andamento mais rápido aos quase dois milhões de processos parados, mas não deu certo, denuncia a secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (SINSSP), Vilma Ramos”, diz a matéria da CUT.

Ainda segundo Joaquim, somente um concurso público poderia, de fato, diminuir a fila e solucionar o problema dos beneficiários. “Hoje, o atendimento presencial é o mínimo possível, só com entrega de senha ou desbloqueio de benefício. Se a pessoa quiser saber algo sobre o pedido do benefício, ou dar entrada em Auxílio Doença, só faz pelo aplicativo”, disse o presidente do Sindiprev. Ele conta ainda que, com o déficit de servidores, muitos estão acumulando altas cargas de trabalho e estão sob pressão, o que tem adoecido os profissionais. “Quando a gente trabalhava na agência tínhamos uma jornada de trabalho de seis horas. Com o trabalho em casa, pela dificuldade que a gente tem até pelas deficiências do INSS, somos obrigados a ficar o dia todo trabalhando, até na madrugada, porque a navegação é mais rápida. Então você perde o dia todo para poder fazer esse trabalho”, disse.

O JORNAL DA CIDADE entrou em contato com a comunicação da Superintendência Regional do INSS em Sergipe, que disse que as respostas sobre essa questão estão concentradas na Direção Central do INSS, em Brasília. Apesar da tentativa de contato com a direção, a equipe de reportagem não obteve êxito até o horário de fechamento desta matéria.

|Por Laís de Melo
||Foto: Arquivo JC