13/03/2023 as 14:20

ANATOMIA

Conheça o Programa de Doação Voluntária de Corpos da UFS

Processo de doação de cadáver ocorre baseado em lei nacional

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Cursos como Medicina, Odontologia, Enfermagem, Nutrição, Educação Física, Fonoaudiologia e Fisioterapia abrangem o estudo da Anatomia Humana. Por isso, o Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) utiliza cadáveres que, de acordo com o professor José Aderval Aragão, do Departamento de Morfologia da UFS, garantem a verossimilhança entre o assunto estudado e a realidade do corpo humano.

Ele, que coordena há cerca de sete anos o Programa de Doação Voluntária de Corpos - Doando Mais Sentido à Vida, afirma que a doação contribui para a melhor formação de profissionais da saúde. “O corpo possibilita o estudo em peças anatômicas reais, com detalhes importantes. Para doar um corpo à universidade, a pessoa deve declarar em vida a sua intenção, reconhecendo um documento em cartório, com três testemunhas, que devem ser parentes de primeiro grau do doador, e entregando uma das vias no Departamento de Morfologia da UFS”, explica.

O processo de doação de cadáver para a UFS ocorre com base na lei nacional 8.501, de 30 de novembro de 1992, que ‘dispõe sobre a utilização de cadáver não reclamado, para fins de estudos ou pesquisas científica e dá outras providências’. “Hoje os poucos corpos disponíveis na UFS chegam através do Instituto Médico Legal, são aqueles corpos sem identificação, que morreram de forma não violenta, mas o número é muito pequeno, passamos muitos anos sem receber corpos para estudo. Só no curso de Medicina entram cem alunos por ano, então precisamos de mais material para estudo”, enfatiza José Aderval.

Ele destaca que o programa de doação de corpos da UFS não é inédito no Brasil. “Universidades de São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Porto Alegre são algumas das universidades que recebem em torno 20 a 30 corpos por ano, elas têm um programa, fazem a divulgação e têm esse contato fortalecido com o IML. Aqui na UFS iniciamos com os alunos fazendo divulgação de panfletos em praias, shoppings, tirando dúvidas, tentando captar doadores. É importante salientar que o interesse não é da família, é da pessoa ainda em vida. Não adianta ser um doador se a família não sabe que existe esse interesse. Lembrando que mesmo que a pessoa tenha feito todo o processo de autorização, após a morte, se a família optar pela não doação, a vontade da família é respeitada”, esclarece José Aderval.

Para ele, hoje o número considerado ideal para estudos na UFS seria o recebimento de dez corpos por ano. “Tem o caso de um professor da UFS que manifestou o desejo de fortalecer o ensino doando o seu próprio corpo para estudo. O filho encontrou esse documento do pai, informando que não queria ser enterrado, mas sim ter o corpo doado à universidade, e assim foi feito. Não são necessariamente corpos vindos spenas do IML”, citou.

Procedimento
José Aderval detalha que inicialmente, para garantir que o corpo será doado, o interessado deve ter uma conversa com seus familiares, a fim de que estes entendam e respeitem o seu desejo após o óbito. Além disso, é importante que tal decisão seja documentada. Alguns documentos devem ser preenchidos e ter firma reconhecida em cartório, contendo as assinaturas do doador e das testemunhas. A via original deve ser encaminhada para o Departamento de Morfologia da Faculdade de Medicina da UFS.

A pessoa declara a intenção de doar o corpo preenchendo o Termo de Declaração de Vontade e Testemunho de Doação Voluntária e o Formulário de Registro do Doador Voluntário de Corpos para Fins Acadêmicos, reconhecendo firma da sua assinatura em cartório, com três testemunhas, que precisam ser parentes de 1º grau.

“De fato, todo avanço na área de saúde, e principalmente o maior conhecimento do corpo humano, só foi possível por meio do uso de peças reais de pessoas que, mesmo após a vida, continuaram contribuindo de maneira significante para a ciência. Sob essa perspectiva, esse passado permitiu que encontrássemos a solução de inúmeros problemas antes existentes relacionados à saúde e ao misterioso corpo humano. Embora as tecnologias alcancem um significativo avanço, ainda não se pode substituir o estudo anatômico com cadáveres, uma vez que algumas estruturas só poderão ser vistas com clareza e perfeição em corpos humanos”, ressalta.

É necessário que o doador seja maior de idade e que seja consentida a doação por ele ou por familiares. Caso o indivíduo seja menor de idade, a doação de corpos é possível mediante a autorização dos pais ou responsáveis. Após o falecimento, caso o corpo seja doado para a universidade, ele será mantido em devido estado de conservação por meio de substâncias químicas, como o formol e a glicerina, para que continue preservado e em condições de manuseio. Os alunos da graduação e pós-graduação poderão estudar a Anatomia Humana por meio dele.

 

Fonte: UFS