27/11/2024 as 09:35
DR. SOUSAO autor, em suas crônicas, tentou popularizar os termos epidemiológicos e também defendeu medidas protetoras e o valor das vacinas “em meio ao aturdimento geral”
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Nesta quinta-feira, 28, o médico e escritor Antônio Carlos Sobral Sousa, o dr. Sousa, lança seu novo livro, ‘Cem Covid - em busca da luz na longa noite brasileira’, que reúne textos publicados no jornal da cidade, retratando a história da pandemia da Covid-19. O autor, em suas crônicas, tentou popularizar os termos epidemiológicos e também defendeu medidas protetoras e o valor das vacinas “em meio ao aturdimento geral”. Nesta entrevista, dr. Sousa reforça a gravidade da doença e a importância de beber em fontes seguras. A desinformação, que de forma maldosa e criminosa tentou atacar as vacinas e dar credibilidade a medicamentos sem efeito algum contra a covid-19, encontrou no autor um obstáculo. O autor, médico formado pela UFS, fez internato na brown university, EUA. É doutor em medicina pela usp- ribeirão preto e pela Fellow of American College of Cardiology. É ex-presidente das SBC- SE e professor titular do DEP. de medicina e programa de PG em ciências da saúde da UFS. É membro das academias sergipanas de medicina, letras e de educação. Recebeu o prêmio nacional mérito sbc - destaque docente. Publicou 16 livros e foi reconhecido entre os 10.000 pesquisadores mais influentes da américa latina. O lançamento de ‘cem covid - em busca da luz na longa noite brasileira’ será às 17 horas, no museu da gente sergipana, em aracaju.
JORNAL DA CIDADE – Março de 2020. O país foi assombrado pela chegada da covid-19. Como o médico Sousa reagiu? Vislumbrou o cenário aterrador que viria pela frente?
ANTÔNIO CARLOS SOBRAL SOUSA – Como os relatos preliminares mostravam que aproximadamente 40% das mortes por covid-19 são de causa cardíaca e, também, por se tratar de uma doença nova, passei a estudar bastante sobre o assunto. Todavia, não imaginava que o ano de 2020 seria marcado para sempre por ter registrado uma das páginas mais tristes da humanidade: o início da referida peste, que ceifou a vida de milhões de pessoas. Difícil encontrar alguém que não perdeu um ente querido para o ardiloso SARS-Cov-2.
JC – A rede de assistência pública e os profissionais de saúde não estavam preparados para a guerra que se viu. O senhor ficou chocado com a perda de tantos pacientes, e de tantos colegas?
SOUSA – Em nosso meio, a covid-19 teve um comportamento semelhante ao dos outros países: aproximadamente 80% dos contaminados apresentam sintomas leves, que regridem em poucos dias; 14% evoluem para um quadro inflamatório, de intensidade variável, requerendo, muitas vezes, internamento hospitalar, e o restante compõe o grupo mais grave, necessitando de terapia intensiva e, frequentemente, de intubação e de suporte intensivo. Tanto a rede pública, como a privada, não estava preparada para prestar socorro ao sufocante número de atendimentos exigidos. Dediquei o livro aos médicos e aos demais profissionais da saúde, que não se furtaram de participar, na linha de frente, da batalha insana contra o poderoso vírus, muitos dos quais, sucumbindo durante essa corajosa missão.
JC – A ideia de escrever sobre um vírus que transformou em rotina intubar e perder pacientes, e também salvá-los, surgiu em que momento da pandemia?
SOUSA – Logo no início da pandemia, procurei tornar públicas, mediante crônicas, informações visando nortear o correto entendimento dos termos epidemiológicos, da importância das medidas protetoras e do valor das vacinas, em meio ao aturdimento geral.
JC – Suas crônicas fazem uma abordagem epidemiológica e citam medidas de proteção e vacinação para enfrentar a letalidade do vírus. O leitor terá dificuldades com os jargões científicos?
SOUSA – Não. As crônicas visavam, prioritariamente, o público leigo. Assim, procurei me expressar de forma compreensível, evitando, justamente, jargões muito específicos e, quando necessário, explicava os termos empregados.
JC – A obra trata também de um momento doloroso na guerra contra a covid-19, que é o comportamento absurdo de quem espalhou desinformação. A ciência teve de lutar contra a doença e contra a crueldade de mentirosos. Isso doeu?
SOUSA – Descobri, com perplexidade, que iriamos enfrentar duas guerras portentosas, a protagonizada pelo vírus e a infodemia de desinformações, promovida por aqueles que, por ideologia política, se valiam, impiedosamente, de redes sociais, para disseminar conceitos produzidos por pseudocientistas, inicialmente enaltecendo um malfadado “tratamento precoce” e, posteriormente, difamando as vacinas, atribuindo aos imunizantes riscos infundados. O empenho hercúleo da ciência, propiciou a chegada de vacinas específicas contra o SARS-Cov-2, menos de um ano após a identificação do vírus, constituindo a medida preventiva mais eficaz contra a temível doença. Vale ressaltar que, o apoio à ciência passa por educação e por repulsão à desinformação!
JC – O que mais o leitor pode esperar de “CEM COVID - Em busca da Luz na longa noite brasileira’”?
SOUSA – Espera-se que as reflexões contidas no livro, embasadas na ciência contemporânea, sirvam para ajudar no combate das próximas pandemias, respeitando esses astuciosos adversários, invisíveis a olho nu.De medicina e programa de PG em ciências da saúde da UFS. É membro das academias sergipanas de medicina, letras e de educação. Recebeu o prêmio nacional mérito SBC - destaque docente. Publicou 16 livros e foi reconhecido entre os 10.000 pesquisadores mais influentes da américa latina. O lançamento de ‘Cem Covid - em busca da luz na longa noite brasileira’ será às 17 horas, no Museu da Gente Sergipana, em Aracaju.