12/07/2021 as 10:08

ECONOMIA

Sergipe é o sexto Estado em produtividade de leite no Brasil

Programas de melhoramento genético por inseminação artificial dos rebanhos contribuem para o resultado

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O Estado de Sergipe desponta na sexta posição nacional em produção anual de leite por vaca, segundo indica a Pesqui- sa Pecuária Municipal (PPM) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme a base de dados do ano de 2019. De acordo com o estudo, Sergipe apa- rece atrás apenas de Estados grandes produto- res de leite, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Alagoas. Na avaliação da Secretaria de Estado da Agricul- tura (Seagri) e da Empresa de Desenvolvi- mento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), o resultado tem grande contribuição de uma sucessão de políticas públicas implementadas ao longo dos anos, para fomentar o desenvol- vimento da bacia leiteira sergipana.

Para o presidente da Emdagro, Jefferson Feitoza, grande parte dessa evolução se deve ao processo de inseminação artificial, que vem atuando no melhoramento genético dos reba- nhos, levando ao aumento da produtividade. “Diante dos dados do IBGE, não podemos deixar de olhar para trás e constatar os esfor- ços empreendidos para se chegar a esse ponto. No Brasil, o primeiro produto de inseminação artificial, com sêmen congelado, nasceu em 1954.

Em Sergipe, a adoção da técnica se deu por volta de 1966, com incentivo do Governo do Estado, através da extinta COMASE- Com- panhia Agrícola de Sergipe. Foi quando nasceu, em Itaporanga D´Ajuda, o primeiro produto oriundo desta técnica - uma fêmea”, conta. Ainda segundo ele, em 1984 foi implan- tado, na Base Física de Riachão do Dantas, um Centro de Capacitação em Inseminação Artificial, que em 1991, passou a ser de res- ponsabilidade da Emdagro, vindo a realizar anualmente até dez cursos. “Estima-se que 2 mil pessoas, entre produtores, trabalhadores de propriedades rurais, técnicos e alunos de medicina veterinária foram capacitados nesta técnica, desde o início dos cursos, influencian- do muito na produtividade alcançada. Impor- tante salientar que muitos dos trabalhadores se tornaram prestadores de serviço em inse- minação para o pequeno produtor, ampliando o uso da tecnologia e, consequentemente, melhorando a sua renda”, explica Jefferson.

Na avaliação da coordenadora de Pecuária da Emdagro, Izildinha Dantas, outras tecno- logias também contribuíram para o aumento de produtividade, e chegaram ao produtor através da Assistência Técnica Governamental da Emdagro, destacando-se o manejo reprodu- tivo, manejo alimentar e manejo sanitário. “Os médicos veterinários da Emdagro percorriam as propriedades para fazer diagnóstico ginecológi- co e inseminação, enquanto agrônomos e téc- nicos agrícolas atuavam na difusão do plantio da palma e conservação de forragem (silagem e feno), bem como a introdução de leguminosas arbóreas - tecnologias imprescindíveis para a melhoria da produtividade”, destaca. IATF De 2018 para cá, o Governo do Estado incluiu uma nova tecnologia entre essas políti- cas públicas: a Inseminação Artificial em Tem- po Fixo (IATF). Segundo o secretário de Esta- do da Agricultura, André Bomfim, o Programa atua justamente no melhoramento genético do rebanho, através da inseminação de matri- zes leiteiras em quatro etapas: diagnóstico de gestação, vacinação específica, aplicação de kit vitamínico e a inseminação propriamente dita. “A ideia é constituir núcleos de insemina- ção, onde haverá um agrupamento de vacas leiteiras nas proximidades, de propriedades em condições de manejo dos animais. Este projeto dispõe, para o pequeno produtor, uma tecnologia que promove o aumento da produ- tividade do rebanho leiteiro e, consequente, aumento de renda para aqueles que não têm condições financeiras de usar esta ferramenta reprodutiva mais avançada”, pontua o gestor.

Nos três primeiros anos de execução do Projeto, foram investidos mais de R$ 300 mil na inseminação de cerca de 2 mil animais. Em 2018 e 2019, a Seagri contou com recursos do Banco do Estado de Sergipe (Banese) e execução técnica da Emdagro; em 2020, com recursos de emenda parlamentar do depu- tado João Daniel, a execução técnica foi da própria secretaria. Em 2021, o programa está beneficiando pequenos criadores de 17 muni- cípios, a partir de R$ 200 mil investidos pela Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social (Seias), via Fundo Estadual de Comba- te à Pobreza (Funcep), e execução técnica da Emdagro; e mais R$ 150 mil com recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra e execução técnica da Seagri na inseminação artificial e transferência de embrião.

No total, serão alcançadas mais de 1.000 matrizes leiteiras com a ação, ao final da presente edição. O produtor José Roberto, da comunidade Tabuleiro, em Nossa Senhora de Lourdes, fala da importância do programa para os pequenos pecuaristas da região. “A gente, que é do Sertão, se não trabalhar em cima de um gado de melhor qualidade, a gente não vai ter condição futuramente de estar nesse mercado. A gente vai ter que desistir do ramo. Então, esse programa do governo é muito bom e a Emdagro vem dando uma assistência de grande importância pra gente, através da inseminação. Uma assistência de muitos anos. É o melhor para o sertão”, afir- ma. Também para o criador Samuel, o IATF representa uma oportunidade. “O melhora- mento genético do gado leiteiro é algo que, pra gente que é pequeno, fica muito difícil de ter acesso sem esse programa. Através dele estamos recebendo essa oportuni- dade, e ficamos muito felizes.

Quero que todos os pequenos alcancem esse mesmo benefício também”. Outros programas também fortalecem a cadeia produtiva do leite, impactando no aumento da produção e produtividade, como o investimento de R$ 1,4 milhão, entre 2019 e 2021, na distribuição de 5.400 raquetes de palma forrageira para 2 mil produtores; e o Programa de Distribuição de Sementes de Mi- lho, que entra na produção de silagem, espe- cialmente para os pequenos produtores de lei- te. “Outra ação de Governo importante para a cadeia produtiva do leite, já em operação desde 2019, é o crédito presumido do ICMS para os laticínios. Esse crédito é aplicado em investimentos que beneficiam o produtor. Grande parte dos laticínios estão investindo em aquisição de tanques de resfriamento do leite para que ele chegue a um temperatura que atenda às normas sanitárias, por exem- plo”, finaliza o secretário André Bomfim.