A parlamentar criticou a qualidade das moradias entregues e alertou para o impacto das ações do prefeito Edvaldo Nogueira sobre a comunidade extrativista da mangaba.
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FOTO: Jadilson Simões
Falta de compromisso com a dignidade das pessoas e desrespeito com os sonhos das famílias que aguardavam por anos a casa própria. Assim a deputada estadual Linda Brasil (Psol), líder da oposição na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), no Grande Expediente desta terça-feira, 1º de outubro, resumiu o evento de entrega de 704 habitações do Conjunto Habitacional Irmã Dulce dos Pobres, realizado pela Prefeitura de Aracaju no último dia 27 de setembro. A parlamentar criticou a qualidade das moradias entregues e alertou para o impacto das ações do prefeito Edvaldo Nogueira sobre a comunidade extrativista da mangaba.
"Casas com inundações, goteiras, tetos esburacados, portas arrancadas e pias sem encanamento. Essas foram as condições em que as habitações foram entregues. É um descaso completo com as famílias que, há anos, esperam por essas moradias. Muitas casas estão impossíveis de serem habitadas imediatamente", denunciou Linda Brasil, ao destacar os vídeos postados por moradores nas redes sociais logo após a cerimônia de entrega.
A deputada acusou a gestão municipal de ter transformado a entrega em um espetáculo político, sem dar a devida atenção à qualidade de vida dos futuros moradores. "O prefeito foi lá, armou um circo, produziu material para suas redes sociais e para a campanha do seu aliado. Na prática, entregou casas sem o mínimo de dignidade para famílias sem teto. As pessoas merecem respeito. Merecem receber uma casa onde possam viver com segurança e conforto, e não um local cheio de problemas estruturais", opinou Linda.
Além das críticas à entrega das habitações, Linda Brasil abordou a situação da comunidade extrativista da mangaba, que, segundo ela, está sendo ameaçada pela proposta do prefeito de transformar a área de extrativismo em um parque público com visitação liberada às famílias do Conjunto Irmã Dulce. A parlamentar classificou a ação como um desrespeito à legislação que protege reservas extrativistas e destacou o impacto que essa mudança pode causar nas vidas das catadoras de mangaba, que dependem da área para seu sustento. "Edvaldo Nogueira está mais uma vez desrespeitando as catadoras de mangaba, que há anos preservam a última floresta de mangaba de Aracaju. Essa área de extrativismo é protegida por lei federal, e não pode ser transformada em um parque de visitação indiscriminada. A comunidade tradicional deve ser respeitada, assim como seus direitos", reforçou.
A deputada reafirmou seu compromisso com a defesa das catadoras de mangaba e das comunidades tradicionais de Sergipe e cobrou que os órgãos da Justiça fiscalizem a entrega e todo o processo. "Reafirmo minha solidariedade às catadoras e catadores de mangaba do Santa Maria e 17 de Março. Nossa mandata está à disposição para garantir o que diz a legislação sobre as reservas extrativistas e os direitos das comunidades tradicionais. Também reforço que a Justiça precisa analisar toda essa situação. É um grande absurdo. Já começa pela entrega em período eleitoral", concluiu.