20/01/2025 as 09:15

ROBERTO SILVA

“Em vez de apresentar proposta, governo parece querer comprar briga efetiva com professores”

Aqui no JC, ele comentou ainda sobre a relação frágil que o sindicato mantém com o governo e adiantou que já existe um indicativo de greve na rede pública estadual para o início deste ano letivo

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Por Mayusane Matsunae

O presidente do Sindicato dosTtrabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese), Roberto Silva, relatou, nesta entrevista, que a categoria continua lutando e cobrando dos prefeitos de municípios sergipanos o pagamento do salário e 13º do ano passado. De acordo com o dirigente sindical, a mudança de gestão nas prefeituras prejudicou o cumprimento da folha, e os professores só escutam: “não tem recurso”. Aqui no JC, ele comentou ainda sobre a relação frágil que o sindicato mantém com o governo e adiantou que já existe um indicativo de greve na rede pública estadual para o início deste ano letivo. acompanhe:

JORNAL DA CIDADE - A Quantos municípios sergipanos estão com salários de professores em atraso atualmente? Quais os casos mais graves e porquê?
ROBERTO SILVA – Nós temos quatro municípios com salários atrasados: Aquidabã (que pagou o salário de dezembro, mas ainda deve o 13º salário), Canindé de São Francisco, Graccho Cardoso e Lagarto. A cidade de Maruim está pagando os professores por ordem alfabética desde o dia 10 de janeiro e deve concluir no dia 31 deste mês. Os municípios de Carmópolis, General Maynard, Monte Alegre, Santo Amaro e São Domingos quitaram suas dívidas nos últimos dias.

JC – Qual tem sido a resposta das prefeituras quando cobradas sobre estes atrasos?
RS – Em 2024, os municípios encheram a máquina pública de contrato e, no final, acabaram devendo o salário de dezembro. Ou seja, não se organizaram, não planejaram e agora respondem que “não tem recurso”. Destas prefeituras em atraso, apenas em Maruim o prefeito foi reeleito, que também não se organizou e não planejou, e a máquina tinha muitos contratados. Os demais prefeitos vêm com aquela história de que estão assumindo o município agora, que a gestão não deixou nada, que não há documentos, que não tem isso, que não tem aquilo, aquela história que a gente escuta a cada quatro anos quando muda de prefeito.

JC – Quais medidas jurídicas o sindicato tem tomado para garantir o pagamento desses salários em dia?
RS – A gente sempre prioriza o diálogo, para tentar, na negociação, que os professores recebam o mais rápido possível. Quando não surte efeito, recorremos a outras instâncias, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Tribunal de Justiça (TJ). Z JC – Como o sindicato tem monitorado as condições de trabalho dos professores no interior do estado? Quais têm sido as principais reivindicações da categoria, além da questão salarial? E de que forma o Sintese tem dialogado com as diferentes gestões municipais? RS – A gente sempre coloca na mesa de negociação as condições que os professores vêm vivendo, como falta de material pedagógico, péssima infraestrutura das escolas, atualização do piso, alimentação escolar, transporte escolar, melhoria para toda a comunidade escolar. Sempre buscamos o diálogo e a negociação para nossas reivindicações.

JC – Como está a situação do cumprimento do piso salarial nacional nos municípios sergipanos?
RS – Em 2024, tivemos pouco mais de 40 municípios com o piso atualizado. Para 2025, as gestões de Capela, Maruim, Monte Alegre, Muribeca e Riachuelo garantiram que irão pagar o salário de janeiro já com a atualização do piso, que em 2025 é de R$ 4.867,77.

JC – Existem municípios que ainda não implementaram ou não atualizam o plano de carreira? Quais seriam?
RS – Todos os municípios sergipanos possuem plano de carreira. O problema está no descumprimento da aplicação do piso salarial. Segundo nosso levantamento, o valor do piso para 200h, Classe A, Nível 1, é o seguinte: em Cumbe, R$ 3.317,73; Feira Nova, R$ 4.059,22; Gararu, R$ 3.545,63; Graccho Cardoso, R$ 3.268,37; Itabi, R$ 3.972,42; Poço Redondo, R$ 3.333,50; Porto da Folha, R$ 3.845,63; Amparo do São Francisco, R$ 3.817,66; Cedro de São João, R$ 3.884,61; Propriá, R$ 4.239,80; Neópolis, R$ 3.845,63; Pacatuba, R$ 2.788,01; Santana do São Francisco, R$ 2.822,42; Pedrinhas, R$ 2.942,35; Salgado, R$ 4.508,57; Tobias Barreto, R$ 3.176,60; Barra dos Coqueiros, R$ 3.669,41; Itaporanga d’Ajuda, R$ 3.675,30; Arauá, R$ 4.024,71; Itabaianinha, R$ 3.817,14; Santa Luzia do Itanhy, R$ 3.728,86; Tomar do Geru, R$ 2.886,24; Carmópolis, R$ 2.886,24; Divina Pastora, R$ 3.513,22; Japaratuba, R$ 3.454,33; e Pirambu, R$ 2.835,85.

JC – Há previsão de mobilizações ou paralisações caso os atrasos continuem?
RS – Se percebermos que há municípios onde não vamos conseguir negociar sobre o pagamento de dezembro, vamos chamar assembleias para analisar e decidir encaminhamentos junto com a categoria.

JC – Além dos atrasos salariais, quais outros problemas os professores têm enfrentado nas escolas? Como o sindicato avalia a estrutura das escolas municipais em Sergipe?
RS – A gente sempre coloca na mesa de negociação as condições que os professores vêm vivendo, como falta de material pedagógico, péssima infraestrutura das escolas, atualização do piso, alimentação escolar, transporte escolar, melhoria para toda a comunidade escolar. Tem escolas que só precisam de uma reforma, outras que precisam de intervenções maiores.

JC – Como está a relação do Sintese com o governador Fábio Mitidieri? Como o senhor avalia?
RS – A relação com o Governo do Estado é uma relação que não avançou no diálogo, o que é lamentável. A gente terminou um ano letivo com os professores em luta e paralisação, reivindicando a retomada de negociação e a apresentação de proposta da nossa pauta de reivindicação e, até o momento, não há, por parte do governo, sinalização de diálogo, o que é muito ruim. Os professores têm um indicativo de greve para o início deste ano letivo, o que a gente lamenta, porque o governo demonstra que ele quer ir para o conflito com os professores diretamente, em vez de abrir o diálogo, em vez de negociar. Em vez de apresentar proposta, o governo parece querer comprar uma briga efetiva com os professores durante todo o ano letivo de 2025. A categoria tem assembleia marcada para o próximo dia 23, vamos levar toda essa problemática para os professores e discutir encaminhamentos de luta.