15/02/2025 as 10:27

PAULO JÚNIOR

“A oposição precisa se organizar melhor para conseguir disputar com chance de vitória”

Para o JC, ele adiantou que reforçará as fiscalizações perante as ações governistas e destacou o “diálogo respeitoso e construtivo” como base do trabalho para evitar polarização política

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Por Mayusane Matsunae

Nesta edição, o Jornal da Cidade traz uma entrevista com o deputado estadual Paulo Júnior (PV), que assumiu recentemente a liderança da oposição na assembleia legislativa de Sergipe. Para o JC, ele adiantou que reforçará as fiscalizações perante as ações governistas e destacou o “diálogo respeitoso e construtivo” como base do trabalho para evitar polarização política – “priorizando os resultados para a população”, acrescenta. Na entrevista, o parlamentar contou sobre os projetos, o mandato na casa legislativa e as avaliações na gestão do governador fábio mitidieri (psd). Por fim, ele apontou expectativas para o cenário político. Acompanhe o conteúdo completo:

JORNAL DA CIDADE - Como o senhor avalia a responsabilidade de assumir a liderança da oposição na Assembleia Legislativa de Sergipe neste momento político?
PAULO JÚNIOR – A bancada de oposição segue um rodízio na liderança, proposto pelo deputado Georgeo Passos (Cidadania), o qual é democrático e respeitoso com os sergipanos. Assumir a liderança da oposição é uma responsabilidade que encaro com disposição e com foco na defesa do bem público. Estamos em ano prévio de eleições, as fiscalizações às ações governistas serão feitas com responsabilidade e rigor.

JC – Como pretende conduzir o diálogo com a base governista, mantendo o papel fiscalizador da oposição e sem criar um ambiente de polarização excessiva?
PJ – Pretendo atuar com responsabilidade e maturidade política. O papel da oposição é apresentar alternativas e colaborar em pautas que sejam de interesse comum. Ao longo dos dois anos de mandato, tenho atuado dessa forma, fazendo proposituras e críticas fundamentadas. Não torcemos para o quanto pior, melhor. O diálogo respeitoso e construtivo será a base do nosso trabalho, evitando a polarização e priorizando os resultados para a população.

JC – Quais são os principais projetos de lei que o senhor pretende apresentar ou já apresentou neste mandato?
PJ – Temos 41 projetos de lei protocolados em áreas como Meio Ambiente, Educação, Saúde, Inclusão, Cultura. Entre os projetos aprovados, destaco a lei que garante a distribuição de certidões de nascimento, casamento e óbito em braile para pessoas com deficiência visual. Também conseguimos a aprovação e sanção do projeto que garante que a mulher tenha direito a acompanhante em procedimentos médicos com sedação em estabelecimentos públicos e particulares e ampliamos a forma de pagamento de taxas do Detran, incluindo pix, débito e cartão. São projetos de lei que melhoram o dia a dia do sergipano, atendendo às necessidades que recebemos em nossas andanças e no gabinete. Este ano, vamos buscar o debate e aprovação dos textos protocolados, a exemplo do projeto que dispõe sobre a obrigatoriedade da contratação de no mínimo 5% (cinco por cento) de empregados com mais de 40 anos de idade pela Administração Direta e Indireta integrante da estrutura do Governo do Estado de Sergipe.

JC – Na sua avaliação, quais são as áreas mais críticas que precisam de atenção urgente no estado de Sergipe? Por quê?
PJ – As áreas mais críticas são Saúde, Infraestrutura e geração de empregos. A Saúde enfrenta problemas graves, como a falta de estrutura e recursos humanos. Quase diariamente, recebemos denúncias de falta de medicação de superlotação em unidades e de desassistência em hospitais regionais. Sobre infraestrutura e geração de emprego, apesar da gestão comemorar redução de taxa de desemprego e investimentos em rodovias, Sergipe ainda tem 8,1% da população em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda de R$209 por mês. Esse índice é do IBGE e é superior ao do Brasil (5,9%) e inferior ao da Região Nordeste (11,8%). Somos um estado que usa política de transferência de renda como política de mobilidade social, o que não é verdade. Prova disso são os constantes projetos do Executivo, enviados para a Assembleia, solicitando ampliação do Cartão Cmais, Cmais Criança, Mulher, Acolhe, Gás. Na área de infraestrutura, até o momento, o governo não entregou obras de impacto para os sergipanos. A segunda ponte da Barra não sai do papel. As obras do Acelera, um ano e meio após o lançamento do programa, não estão concluídas.

JC – Como o senhor pretende trabalhar para aproximar o trabalho legislativo da população, especialmente considerando seu papel como líder da oposição?
PJ – É fundamental que as pessoas entendam o impacto do trabalho legislativo em suas vidas. Já realizamos iniciativas de participação popular, como audiências públicas, a exemplo da realizada sobre o consórcio do transporte público da Grande Aracaju, e iremos intensificar a presença em plataformas digitais. JC – Em relação ao orçamento estadual, quais são as principais preocupações da oposição e que pontos precisam ser priorizados? PJ – Estamos preocupados com a alocação de recursos em áreas essenciais, como saúde e com o controle do endividamento do estado. É preciso priorizar investimentos em infraestrutura e programas de geração de emprego, garantindo eficiência no uso dos recursos.

JC – Como o senhor avalia a atual composição da Assembleia Legislativa e o equilíbrio de forças entre situação e oposição?
PJ – A composição da Assembleia reflete a diversidade de opiniões da sociedade e a força do interior na política, mas há um desequilíbrio no número de parlamentares da base governista em relação à oposição. Se analisarmos, Itabaiana tem três deputados, Lagarto dois, considerando Sérgio Reis, São Cristóvão dois, Barra dos Coqueiros um. Isso prova a força da municipalidade e a importância de políticas públicas que fortaleçam o interior do estado. Apesar disso, acredito no papel da oposição na fiscalização e no debate de ideias.

JC – Que medidas concretas o senhor propõe para o desenvolvimento econômico de Sergipe?
PJ – Assim que assumi, solicitei à Secretaria de Desenvolvimento do Estado a revisão dos contratos de incentivo fiscal vigentes, para sabermos se as contrapartidas das empresas estão sendo cumpridas e fiscalizadas pela gestão. Pretendo defender incentivos fiscais para atrair empresas, investir em educação técnica e profissionalizante, e buscar parcerias para fomentar setores estratégicos, como o turismo, a agricultura e as energias renováveis.

JC – Como pretende atuar para fortalecer a fiscalização dos atos do Executivo?
PJ – Vamos intensificar o uso de ferramentas como requerimentos de informação, participação em comissões parlamentares e monitoramento de contratos e licitações.

JC – Quais são suas expectativas para o cenário político de Sergipe nos próximos anos?
PJ – O trabalho de fortalecimento de mandato e dos municípios continua e vamos trabalhar para a reeleição. Sei da minha responsabilidade enquanto representante de São Cristóvão, o que muito me orgulha, e atuaremos para ampliar as ações não só na Cidade Mãe, mas em todo interior. Sobre o cenário político, acredito que a oposição precisa se organizar melhor, ter unidade e liderança para conseguir disputar com chance de vitória.

JC – Em termos de transparência e participação popular, que iniciativas o senhor pretende implementar para fortalecer esses aspectos?
PJ – Vamos propor a criação de um portal da transparência mais acessível e interativo, além de programas educativos para que a população entenda melhor o funcionamento do Legislativo. Também quero incentivar a realização de consultas públicas antes de decisões importantes.