19/05/2022 as 08:52
ALIMENTAÇÃOTemática está sendo discutida durante Semana de Conscientização
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Até o ano de 2050 quase 50% da população mundial poderá apresentar alguma forma de alergia, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Isso porque os casos estão crescendo ano após ano, com variados tipos de alergia, sendo uma das mais frequentes a alimentar. Ainda conforme a Asbai, até o ano de 2020 cerca de 30% da população brasileira apresentava algum tipo de alergia e, desse percentual, 20% eram crianças. Para piorar, cada vez mais os casos têm apresentado maior complexidade e gravidade, por isso o assunto precisa ser amplamente discutido na sociedade brasileira.
Desde o dia 16 até o dia 20 de maio, acontece a Semana e Conscientização da Alergia Alimentar, instituída para acontecer sempre na terceira semana de maio. Em Aracaju, a empresária Michelle Oliveira, proprietária da confeitaria inclusiva para alérgicos e intolerantes Perfeito Pedaço, realiza um debate virtual com o objetivo de discutir a temática e multiplicar a informação, além de mobilizar a sociedade para a importância de acolher e incluir socialmente pessoas com alergia alimentar.
Michelle vivenciou na prática as dificuldades e a exclusão que uma alergia alimentar causa. Ela tem dois filhos alérgicos e um deles com quadro alérgico grave. Na época em que os sintomas começaram a aparecer, Arthur, o primeiro filho de Michelle, nascido em 2013, pouco se falava sobre alergia ao leite. “Eu passei um período muito longo de médico em médico para entender o que ele tinha. Até então os médicos falavam em refluxo e mais uma série de coisas, mas não apontavam para alergia à proteína do leite. Chegaram a falar inclusive que eu não precisava fazer dieta para amamentar ele. Então eu precisei estudar e foi assim que aprendi tudo sobre essa reação que ele tinha. Identifiquei que era alergia ao leite. Pedi aos médicos que encaminhassem ele para uma unidade de saúde que tinha liberação para fórmulas específicas para alérgicos e ele permaneceu assim até os quatro anos de idade”, conta a empresária.
Na segunda gestação, Michelle enfrentou um processo de alergia alimentar ainda mais restritivo, pois a filha, Alice, apresentou múltiplas alergias. “Ela reagia a frutas, leite, ovo, aveia, maracujá. Eu precisei realmente me aprofundar ainda mais porque não era só a questão do leite dessa vez. E nesse universo de estudar e me comunicar com as pessoas eu fui percebendo que essa restrição não era só minha, e que tinha muita gente com o mesmo problema”, acrescenta.
Foi assim que ela iniciou o projeto do Perfeito Pedaço, onde comercializa alimentos para alérgicos intolerantes, mas, além disso, também fomenta e dissemina informações sobre alergia alimentar, tema pouco discutido no país e em Sergipe. “Um projeto de lei tramita no Senado para tornar essa discussão possível no Brasil inteiro. Aqui em Aracaju também já solicitamos a uma deputada para colocar um projeto de lei para a capital ter a terceira semana do mês de maio reconhecida como a Semana de Conscientização da Alergia Alimentar, para que possamos abrir espaço na mídia, para discussões maiores, e mostrarmos a a relevância do quanto é importante as pessoas saberem sobre alergia alimentar, sobretudo as escolas, que precisam aprender ainda como incluir pessoas com alergia alimentar”, destaca a empresária.
A médica alergista e imunologista, Julianne Machado explica que “as alergias são quadros caracterizados pela reação exagerada do sistema imunológico contra algum alérgeno”. Segundo a especialista, elas podem ser respiratórias, como no caso da rinite, asma, bem como podem ser medicamentosas ou alimentares. “A alergia alimentar ocorre quando o sistema imunológico reage de forma exagerada ao contato com algum alimento, gerando sintomas como manchas vermelhas pelo corpo, falta de ar, inchaço no rosto, coceira, edema de glote e em alguns casos podendo evoluir com óbito”, afirma a médica. Ainda conforme Julianne, qualquer pessoa pode ser acometida por um tipo de alergia, no entanto, algumas alergias são mais prevalentes dependendo da faixa etária. “Por exemplo, na infância são mais prevalentes alergia ao leite e ovo, já na fase adulta, temos maior prevalência da alergia a frutos do mar. As reações tendem a ocorrer em média minutos a horas após a ingestão do alimento”, explica.
Diagnóstico “O diagnóstico vai ser feito pelo alergista baseado na história clínica do paciente correlacionando sintomas da reação e confirmando com testes e exames específicos”, orienta a médica. Em caso de confirmação, ela explica que o alimento deve ser excluído da dieta da pessoa, para evitar riscos de reações. “Lembrando que não se deve tomar um antialérgico e ingerir o alimento em seguida, pois isso não garante proteção contra reações graves”, alerta Julianne.
|Por Laís de Melo
||Foto: Divulgação