05/12/2022 as 07:55

PREVENÇÃO

Mais de 240 pessoas tiveram testes positivos para o HIV em Sergipe este ano

Dezembro é o mês de mobilização para prevenção, diagnóstico e tratamento do vírus

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Mais de 240 pessoas tiveram testes positivos para o HIV em Sergipe este ano

Dezembro chegou e com ele a cor vermelha fica em evidência. É o mês onde são realizadas diversas ações para sensibilizar a população sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV/AIS. Em Sergipe, de janeiro a outubro, 242 pessoas tiveram testes reagentes para o HIV, ou seja, positivo.

De acordo com o gerente do Programa IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Almir Santana, o estado acumula em torno de 8 mil casos, uma média de 300 por ano. “O pior indicador é quando nasce uma criança com HIV, e em Sergipe nós detectamos 45 crianças que nasceram com o HIV nos últimos 10 anos”, aponta Almir. Ainda conforme o gerente, Sergipe registra cerca de um caso novo de HIV por dia.

A doença é predominante em homens, e a faixa etária mais atingida é a de 20 a 34 anos. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), através do Programa IST/Aids, realizará durante o mês de dezembro diversas ações entre palestras, testagens, oficinas. “É preciso capacitar os profissionais da saúde e da educação e realizar campanhas educativas constantemente. Além disso, ações como distribuição de medicamentos antirretrovirais e o apoio social às pessoas vivendo com HIV, bem como o apoio aos municípios e organizações da sociedade civil e o combate ao preconceito e discriminação são fundamentais para diluir o tabu que ainda existe acerca da questão”, explica o gerente.

O jornalista Saullo Hipólito é um ativista da causa em Sergipe. Vivendo com HIV, ele entende e reconhece que colocar o assunto em discussão é uma das principais formas de diminuir o preconceito e avançar no combate contra o vírus. “É de extrema importância que dialoguemos acerca do HIV e Aids em todos os ambientes. Precisamos cada vez mais humanizar a pauta e trazer para a nossa bolha esse assunto que ainda é um tabu. Não vemos amigos falando sobre prevenção, pais ensinando filhos a se cuidar e ter uma vida sexualmente segura, por quê? Tudo isso são tabus criados por conservadores, que mascaram a pauta com vieses preconceituosos e estigmatizantes. Por isso é bastante necessário que a gente paute e fale sempre que possível sobre o assunto”, pontua o jornalista.

Saullo aproveitou para destacar que, apesar da importância da data 1º de dezembro, como Dia Mundial de Combate à Aids, é preciso que a sociedade não fique presa a apenas uma data. “É necessário falar disso sempre, principalmente na mídia, que tem um grande alcance”, destaca. Para ele, o mais difícil de viver com o vírus ainda é o tabu. “Tem quem pense que o indivíduo é doente, tem quem se afaste para não ser estigmatizado, tem também aqueles que atacam as pessoas que vivem com o vírus, seja com palavras ofensivas ou gestos estigmatizantes. Falanda da minha área, a primeira coisa que temos que quebrar são termos sorofóbicos, como portador, aidético, soropositivo, que associam à promiscuidade e ainda hoje vemos profissionais da comunicação fazendo uso. Sem romantizar, mas é importante humanizar a pauta. Passamos muito tempo colocando a pessoa infectada pelo Hiv com sentença de morte”, salienta Saullo.

“Ao descobrir o vírus no meu corpo e compreender meu local de fala, percebi que poderia usar muito da minha profissão para levar conhecimento para outras pessoas. Hoje utilizo a rede social @ infopositHivas, para levar um conhecimento rico, apurado, jornalístico e sério sobre o assunto. Hoje, sei da minha responsabilidade, não só de informar, mas de cuidar de outras pessoas que vivem com o vírus e que não tem o apoio familiar e de pessoas próximas, como eu tive”, acrescenta.