13/06/2022 as 10:54
ENTREVISTAE hoje vamos falar sobre o impacto que o ser humano vem causando no meio ambiente sob o olhar do atuante Wesley
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O nosso convidado de hoje é o renomado arquiteto Wesley Lemos. Na Semana do Dia Internacional do Meio Ambiente, 05 de junho, o arquiteto sergipano foi convidado a fazer uma visita em uma das principais cooperativas de reciclagem do estado de São Paulo, a “Cooperativa Crescer”. E hoje vamos falar sobre o impacto que o ser humano vem causando no meio ambiente sob o olhar do atuante Wesley. Ele tem uma carreira sólida, trabalha entre Sergipe, Bahia e São Paulo com projetos residenciais e comerciais, procurando inserir o cuidado com o meio ambiente.
“Cada brasileiro gera em média quase 1 kg de lixo por dia. Juntando todo o País, são 80 milhões de toneladas de resíduos produzidos a cada ano. Menos de 3% disso é reciclado”, diz Wesley. Viajado e antenado, considerado um dos grandes profissionais da nossa terra, ele nos conta sobre essa experiência em São Paulo, onde o foco é meio ambiente e sustentabilidade.
A gestão de resíduos é urgente e precisa da colaboração de cada um de nós, nas nossas casas, no nosso dia a dia, para salvar o planeta. Projetos Recentes de Wesley: Projeto de Arquitetura e interiores e design Itacaré EcoResort (Itacaré /BA); Casa de Memórias Pataxó (Porto Seguro / BA); Small House (Itabaiana/ SE); Masterplan Casa Cor (SE); Apartamentos em Vila Madalena (SP); Chácara Klabin e em alguns condomínios de alto padrão de Aracaju e Salvador. Vamos ao bate papo.
THAÏS BEZERRA - Wesley, com mais de 20 anos de formado e reconhecido como profissional, como a arquitetura pode colaborar com o meio ambiente e a sustentabilidade?
WESLEY LEMOS - Em primeiro lugar, precisamos adotar um paradigma na arquitetura que já está disponível, e tem sido imaginado ativamente com iniciativas como a Cooperativa Crescer, que é o paradigma da Arquitetura Verde - a produção de residências, edifícios, instalações e espaços mais sustentáveis e otimizados. E isto se dá integrando a consideração, o cuidado e a responsabilidade ambiental em todos os processos que nós desenvolvemos, da primeira ideia à entrega final. Em termos práticos, precisamos assumir a responsabilidade de fazer melhores opções no dia a dia: escolher materiais de menor impacto ambiental, integrar o reaproveitamento como uma política da profissão e compreender que estas condutas participam de um olhar histórico e atento para a ancestralidade que nos trouxe até aqui. É fundamental, ainda, que todos nós que lideramos escritórios e movimentos estejamos atentos às condições de trabalho e reeducação que são ofertadas em nossos espaços. A colaboração com o meio ambiente é, necessariamente, um processo coletivo.
TB - Você atua em Sergipe e São Paulo, o que significou para você receber esse convite para visitar a “Cooperativa Crescer” na grande metrópole? WL - Se revelou uma oportunidade de integrar, às preocupações e políticas ambientais que o escritório desenvolve, questões sociais e econômicas mais explícitas. Estar em contato com outros empreendedores que fazem da preocupação ambiental uma condição inegociável para sua atuação também me possibilitou renovar a certeza de que este é um caminho sem volta.
TB - Qual a sua visão sobre a urgência de todos colaborarmos com os cuidados do meio ambiente?
WL - É a única forma de garantirmos o nosso bem-estar enquanto indivíduos e enquanto sociedade. O meio ambiente não é uma instância separada de nós, mas aquilo que condiciona nossa vida. A urgência que precisamos ter com ele é a mesma que precisamos ter conosco, quando não nos encontramos bem.
TB - Na sua opinião, no dia a dia, existe uma solução deste grande problema no Brasil?
WL - Me parece que se nós não conseguirmos, com o arco temporal que vai da nossa ancestralidade ao futuro empenhado em nossos recursos naturais, ninguém mais vai. Mas é fundamental que todos cooperem - cidadãos, instituições, iniciativas privadas e poder público. A solução, repito, é coletiva; e não vai acontecer se continuarmos desconsiderando nossa responsabilidade para com as gerações futuras.
TB - Quando você realiza seus belos projetos residenciais e comerciais, os clientes pensam nas pequenas mudanças de posicionamento e cuidados com o lixo que produzem?
WL - Acredito que a responsabilidade dos profissionais de arquitetura e design também é pedagógica: levar estas percepções e condutas para que os clientes se reeduquem, ainda que, até aquele momento, eles não tenham prestado atenção no imperativo da sustentabilidade.
TB - Após essa visita a Cooperativa Crescer, em São Paulo, na Semana do Meio Ambiente, o que mudou no seu olhar sobre o planeta?
WL - Não diria que se tornou mais positivo, mas, fundamentalmente, mais esperançoso. Mais do que uma reconexão com o tema, favoreceu a conexão com outras pessoas que tratam o tema com a seriedade que dele exige.
TB - Gostaria de pedir que deixasse uma mensagem sobre o tema “sustentabilidade”, tão importante e urgente.
WL - Eu insisto em duas dimensões do tema: a primeira é individual. Precisamos ter em mente que a casa é a extensão do corpo, e que a sustentabilidade atua em cada escolha que nós fazemos - comprar, colocar, instalar, descartar ou reutilizar artefatos e materiais são decisões individuais com profundas consequências políticas. A segunda dimensão é coletiva: estas percepções precisam ser colocadas em prática por governos, sociedade civil, setor privado e por cada cidadão comprometido com as gerações futuras. E eu peço que cada pessoa, consciente desta questão, alerte pelo menos outra pessoa. É assim que a trama da sustentabilidade pode ser estruturada com mais força - na mesma velocidade da trama dos afetos.
Foto Pessoal: Wesley Diego / B&B Itália