26/09/2022 as 09:28
ENTREVISTATem um currículo brilhante! E segue aprimorando conhecimentos na área da saúde para atender com competência, eficiência e humanismo seus pacientes.
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A nossa entrevista desta semana é com Karina Andrade Mendonça, médica infectologista, foi “samuzeira” atendendo com dedicação e eficiência no SAMU. Ela é filha de José Dantas de Mendonça e Maria Mazzarello Andrade de Mendonça. Formada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) em 1997. Fez Residência médica em Infectologia, no Hospital Heliópolis/SP, pós-graduação Latu Sensu em medicina do Trabalho e pós-graduação em obesidade e sarcopenia, na Fanese. Participou de diversos Cursos, é médica concursada da Prefeitura de Aracaju.
Tem um currículo brilhante! E segue aprimorando conhecimentos na área da saúde para atender com competência, eficiência e humanismo seus pacientes. No SAMU 192 Sergipe, foi médica reguladora, intervencionista, gerente e coordenadora. Recentemente concluiu a especialização em Obesidade e Sarcopenia. A sarcopenia é comum entre adultos mais velhos, principalmente após os 50 anos. Aumenta com a idade e pode levar a diminuição de atividade física, além de resultar em eventos adversos para a saúde semelhantes como deficiências funcionais, má qualidade de vida e morte. Vamos ao bate papo.
THAÏS BEZERRA - Após atuar firme como “samuzeira” durante anos, você concluiu recentemente uma especialização em obesidade e sarcopenia. Qual o maior desafio como médica?
KARINA MENDONÇA - Meu maior desafio sempre foi atuar com uma medicina de qualidade, baseada no meu conhecimento, através de diversas especializações, proporcionando bem estar e saúde para cada paciente que chega ao meu consultório.
TB - Para os leigos, o que é sarcopenia e a sua relação com a obesidade?
KM - A sarcopenia é uma doença muscular, na qual a baixa força e massa magra é a causa principal para disparar o gatilho da investigação diagnóstica. Inicialmente era associada somente em indivíduos idosos, porém atualmente sabe-se que o desenvolvimento da sarcopenia se inicia antes do envelhecimento. Existem muitas causas que contribuem além do avanço da idade. Essas percepções têm implicações para intervenções que previnem ou retardam o desenvolvimento. A obesidade já é considerada um problema de saúde pública no brasil. Segundo os últimos dados do ministério da saúde, o excesso de peso atinge 53,8% da população adulta que vive nas capitais do país. Uma das grandes consequências desse cenário é o crescimento das doenças associadas ao ganho de peso, como diabetes e hipertensão. Outro problema intimamente envolvido aqui e relacionado ao envelhecimento é a chamada obesidade sarcopênica, esse nome caracteriza o acúmulo de massa gorda e declínio de massa magra, resultando em um alto índice de gordura corporal e fraqueza muscular.
TB - Em que momento as pessoas mais idosas devem procurar um especialista em sarcopenia?
KM - Como citado acima, hoje não se trata apenas de uma doença de indivíduos idosos, portanto a procura do especialista para o tratamento deve ser realizada tão logo os sintomas sejam percebidos, independentemente da idade. TB – Existe algum exame laboratorial capaz de diagnosticar a sarcopenia? KM - Existem exames clínicos e laboratoriais. Hoje a melhor opção para medir a composição corporal é dimensionar quantidade de musculatura através do dexa (densitometria corporal total), é um exame simples muito semelhante a uma densitometria óssea, mas pode-se usar também a bioimpedância. Laboratorialmente, podemos usar como base a medida de proteínas totais e frações.
TB – Uma pessoa jovem (entre 20 e 35 anos) pode desenvolver sarcopenia?
KM - Pode sim, já se sabe que a sarcopenia normalmente ocorre mais em idosos, porém pode ocorrer em qualquer idade, principalmente quando associada a doenças crônicas como doentes renais, pacientes com neoplasia, pacientes com doenças genéticas que causem déficit nutricional.
TB – Qual o tipo de tratamento que você realiza nessa especialidade? Existe cura?
KM - O tratamento é baseado em uma alimentação rica em proteínas, exercícios de força e uso de suplementos tais como leucina, hmb, creatina, em alguns casos hormônios como testosterona e seus análogos, vale lembrar que cada caso é um caso e o tratamento é baseado nos resultados dos exames de cada paciente, individualmente. A cura não é considerada ainda, o paciente precisa ser acompanhado e tratado perpetualmente após diagnósticado.
TB - Hoje se fala muito em protocolo tanto no tratamento da obesidade como no tratamento da sarcopenia, como isso é feito e porque?
KM - Os protocolos são cada dia mais usados, ressaltando que não é um tratamento igual para todos os pacientes, pois cada paciente é único e possuem necessidades individuais, é necessário um estudo de cada caso para saber quais suas reais deficiências e assim o tratamento seja instituído. Os protocolos têm se mostrado muito eficientes uma vez que geralmente são patologias de causas múltiplas podendo e devendo serem abordadas por várias frentes no objetivo de conseguir um melhor resultado no menor tempo possível. São doenças crônicas que devem ser tratadas pelo resto da vida de maneira multidisciplinar, geralmente necessitando de médico, nutricionista, preparador físico, psicólogo e fisioterapeuta. Dessa forma é importantíssimo que durante o período do tratamento exista uma mudança de hábito de vida do paciente, só assim é atingido um resultado duradouro. O grande objetivo é gerar saúde e longevidade com qualidade de vida.
TB - Porque o uso de terapia injetável?
KM - A terapia injetável quer seja intravenosa ou intramuscular tem se mostrado muito eficiente no tratamento coadjuvante tanto da obesidade quanto da sarcopenia. A eficiência desta é comprovada à medida que temos certeza da absorção de cada nutriente usado, não ocorrendo o mesmo quando esses são usados por via oral, principalmente nas fases iniciais dos tratamentos, nestas normalmente existem uma inflamação intestinal que impede a completa absorção, sendo muitas vezes usados diversos suplementos, nutrientes e quando dosamos percebemos que esses não foram absorvidos pelo organismo como deveria. Vale ressaltar que essa suplementação é realizada de forma individualizada para a necessidade de cada paciente e sempre sob prescrição médica.
TB – Gostaria que você deixasse uma mensagem para os nossos leitores sobre sarcopenia.
KM - Sarcopenia sempre existiu, porém sempre foi vista como normal. Hoje existem diversos estudos que mostram que a qualidade de vida do paciente sarcopênico pode melhorar muito com o tratamento, para tanto, é de suma importância procurar um especialista, diagnosticar e tratar para que se possa oferecer um bem estar para os pacientes portadores dessa patologia.