21/01/2020 as 08:40

Saúde

Número de pacientes psiquiátricos é grande

Somente em 2019, 810 pessoas foram internadas nos hospitais psiquiátricos do Estado

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No mês voltado ao alerta sobre a saúde mental, faz-se necessária uma reflexão do quantitativo de pessoas que foram internadas, em 2019, diagnosticadas com alguma doença relacionada a esse mal, que, para muitos, tem sido considerado o mal do século.

Para se ter ideia da realidade brasileira, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que em cada cem pessoas 30 sofram, ou venham a sofrer, num ou noutro momento da vida, de problemas de saúde mental. Além disso, cerca de 12 pessoas num universo de cem tenham uma doença mental grave.


Em Sergipe, no ano passado 810 pessoas tiveram um agravamento de problemas ligados à saúde mental e precisaram ser hospitalizadas. Isso mesmo. O quantitativo é alto e revela que a sociedade está cada vez mais adoecida.


Para a psicóloga clínica, referência de gestão da Rede de Atenção Psicossocial “Conta Comigo” da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Renata Roriz, a doença mental é crônica e deve ser encarada por todos como algo de responsabilidade de todos.


“A doença mental não é visível, não é palpável. O ser humano tende a julgar, ao invés de tratar. A gente vem trabalhando isso. A doença mental é muito dolorosa para o paciente e também para os familiares. É uma doença crônica, não existe ex-esquizofrênico. No filme ‘Coringa’, por exemplo, tem uma fala dele que diz que é injusto cobrar um comportamento normal de quem não é normal. É assim que devemos pensar”, afirma Renata.
A saúde mental é um conceito amplo e que engloba diversos transtornos ligados à mente, sendo os mais comuns, na atualidade, a ansiedade, a depressão e a esquizofrenia, além de doenças da dependência de álcool e droga.


Ainda em se tratando de dados da OMS, dentre essas doenças a depressão tem sido a mais frequente, inclusive sendo uma causa importante de incapacidade. Outro destaque diz respeito à esquizofrenia. Estima-se que em cada cem pessoas uma sofra com a doença.

Em relação ao tratamento, a Saúde Mental em Sergipe é composta por vários equipamentos, sendo a Unidade Básica de Saúde a porta de entrada para o diagnóstico, como explica a assistente social e referência técnica da Rede Conta Comigo, Sueli Matos.
“A Rede de Atenção Psicossocial é prevista pelo Ministério da Saúde com vários equipamentos, que vai desde a atenção primária de saúde, que vem todo um leque, por exemplo, a Academia de Saúde, Nasf, Consultório na Rua, que possui um critério de população de rua, neste caso, Aracaju é quem tem. Vem as especialidades com os Caps, os ambulatórios, os serviços de residência terapêutico, que são para aquelas pessoas que têm mais de dois anos ininterruptos dentro de um hospital, entendendo que hospital não é casa”, explica a especialista.


Renata Roriz abre um parêntese para esclarecer a necessidade de os familiares de pacientes diagnosticados com algum transtorno ligado à saúde mental consigam encarar o internamento em um hospital como algo passageiro.


“Uma doença mental não é uma condenação. Um hospital psiquiátrico é importante para um tempo reduzido. É um local de estabilização. Ele tem que voltar para onde ele mora e ser cuidado em casa. Quando ele chegar no mundo real precisa lidar com a situação. Ele não pode morar para sempre numa comunidade psiquiátrica”, alerta a psicóloga.


Pensando no contato mais direto e observador entre as pessoas, com o intuito de diagnosticar o sofrimento aparente delas, a SES criou, no ano passado, a Rede Conta Comigo. Segundo Renata Roriz, muitas vezes a correria da vida faz com que as pessoas não tenham tempo de observar o outro.

“A tecnologia é uma ferramenta poderosa e uma aliada, mas ela não pode ser soberana. Como é que eu convivo com uma pessoa lado a lado e não percebo no comportamento dela que ela não está bem? Foi isso que nos motivou a criar a Rede Conta Comigo. Nós não queremos que as pessoas tratem, para isso que a gente existe. Só queremos que prestem mais atenção nos sinais de que algo não está bem”, explica Renata.


Atualmente, o Estado possui cerca de 500 Unidades de Saúde da Família (USF) espalhadas pelos 75 municípios, sendo 45 delas na capital, enfatizando que elas são a porta de entrada para o diagnóstico de doenças ligadas à saúde mental. Além disso, o Estado também possui o Hospital São José como retaguarda para casos de surto e 80 leitos de internamento na Clínica São Marcelo.o com o órgão federal.

|Texto: Diego Rios

||Foto: André Moreira