07/11/2025 as 17:18

DIA MUNDIAL DO CERATOCONE

Ceratocone cresce entre jovens, afeta mais de 150 mil brasileiros

No Dia Mundial da doença, celebrado em 10 de novembro, oftalmologista reforça a importância do diagnóstico precoce para evitar a perda de visão

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Ceratocone cresce entre jovens, afeta mais de 150 mil brasileiros

No próximo dia 10 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Ceratocone, uma doença que afeta principalmente jovens e tem se tornado cada vez mais comum. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 150 mil brasileiros desenvolvem o problema a cada ano, um número que chama atenção e reforça a importância do diagnóstico precoce.

O Dr. Leonardo Gulino, oftalmologista do H.Olhos, Hospital de Olhos da Vision One, explica que o ceratocone é caracterizado pelo afinamento e pela deformação progressiva da córnea, que passa de um formato arredondado para um mais pontiagudo. Essa alteração compromete a visão e pode evoluir de forma silenciosa. “Em muitos casos, o paciente percebe apenas uma leve piora na nitidez e acredita que precisa trocar o grau dos óculos. O problema é que o ceratocone não é apenas uma questão de refração — é uma doença estrutural, que precisa ser identificada e tratada o quanto antes para evitar danos permanentes”, explica o médico.

Ele ressalta que, apesar de ter origem genética, o ceratocone pode ser agravado por fatores externos. “O ato de coçar os olhos com frequência é um dos grandes vilões. Esse atrito repetitivo enfraquece as fibras da córnea e acelera a progressão da doença. Por isso, é essencial que pessoas alérgicas, que sentem coceira ou irritação ocular, tenham acompanhamento com um especialista e evitem o contato excessivo com a região dos olhos”, orienta.

De acordo com o oftalmologista, a tecnologia tem sido uma grande aliada no diagnóstico e no tratamento do ceratocone. Hoje, exames como a topografia e a tomografia de córnea permitem detectar a doença ainda em fases iniciais, mesmo antes de qualquer alteração perceptível na visão. “Quanto mais cedo identificamos o problema, maiores são as chances de estabilizar a córnea e impedir a evolução do quadro. O diagnóstico precoce faz toda a diferença para preservar a visão”, afirma o Dr. Leonardo Gulino.

O tratamento do ceratocone depende do estágio da doença. Nos casos mais leves, o uso de óculos ou lentes de contato especiais costuma ser suficiente para melhorar a visão. Em estágios intermediários, procedimentos modernos como o crosslinking corneano — técnica que utiliza riboflavina (vitamina B2) associada à luz ultravioleta para fortalecer as fibras de colágeno da córnea — têm mostrado excelentes resultados. “O crosslinking é um avanço importante porque aumenta a rigidez da córnea e impede que a deformação continue progredindo. É um procedimento seguro, rápido e que preserva a estrutura ocular do paciente”, explica.

Nesses casos intermediários, também pode ser indicada a implantação do anel intracorneano, desde que a córnea esteja transparente e sem cicatrizes. “O anel tem um objetivo diferente: enquanto o crosslink estabiliza o ceratocone, o anel visa melhorar a visão, reduzindo a irregularidade da córnea e proporcionando maior nitidez visual”, destaca o oftalmologista.

Nos quadros mais avançados, quando há cicatrizes corneanas ou deformidades significativas, o anel não é recomendado. Nesses casos, o transplante de córnea pode ser a melhor alternativa. O especialista observa que as técnicas cirúrgicas atuais são menos invasivas e proporcionam melhor recuperação. “Hoje conseguimos substituir apenas as camadas comprometidas da córnea, preservando o tecido saudável e garantindo uma reabilitação visual mais rápida e estável”, comenta.

O especialista reforça que o ceratocone não tem cura, mas pode ser controlado com acompanhamento contínuo. “Nosso papel é informar e orientar a população sobre a importância de manter consultas oftalmológicas regulares. É uma doença que acomete pessoas jovens, inclusive crianças, e quanto antes for identificada, melhores são as chances de preservar a visão e a qualidade de vida”, finaliza o Dr. Leonardo Gulino, oftalmologista do H.Olhos, Hospital de Olhos da Vision One.