18/02/2020 as 08:47

Polícia

Em dois anos, Sergipe registrou 750 desaparecimentos

Casos emblemáticos, como o da jovem Débora Mirachi, intrigam a população e desafiam a polícia

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Em dois anos,  Sergipe registrou 750 desaparecimentos

Seis anos depois, a família da estudante de direito Débora Mirachi, de 33 anos, ainda amarga a dor de não saber o seu paradeiro. No dia 12 de dezembro de 2013, há exatos 2.255 dias, o veículo da jovem foi encontrado estacionado na rodovia José Sarney e com todos os seus pertences dentro.

Talvez, esse seja o caso de maior repercussão na imprensa e também o mais misterioso. Apesar disso, outras tantas famílias aguardam informações dos seus entes desaparecidos. Para se ter ideia desse montante, em dois anos, segundo dados da Coordenadoria de Análise e Estatística Criminal (CEACrim) da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP/SE), o Estado contabilizou 750 Boletins de Ocorrência (B.O.´s) desta natureza.


Em 2018, foram comunicados à polícia 472 desaparecimentos em Sergipe. Já em 2019, o número caiu quase pela metade, porém, ainda foi elevado, com 278 boletins prestados por familiares.

Outro caso que chama a atenção da população e é fruto de um procedimento investigativo por parte da Polícia Civil de Sergipe, diz respeito ao desaparecimento do idoso Delusio Ferreira, de 70 anos.

Segundo o relato do genro dele, Cosme Pereira, ele foi visto pela última vez no dia 26 de dezembro do ano passado, em sua residência no Povoado Aguilhadas, no município de Pirambu, enquanto bebia com a atual companheira e com um sobrinho dela.
“Foi visto o sobrinho dela se deslocando para Aracaju, às 4h15 da madrugada. Segundo ele, a esposa de Delusio alega que estava tomando banho e não viu quando o sobrinho saiu. Ele não tem o costume de sair e passar dias fora de casa e também não tinha tido nenhum desentendimento recente”, afirma Cosme.

Mais recentemente, Dirceu Lima Ferreira, de 72 anos, saiu de casa, no interior de São Paulo, com uma mochila nas costas e a namorada de 19 anos, para se aventurar em viagens pelo país afora, em agosto de 2019. Em meados de dezembro esteve em Aracaju, inclusive chegou a postar algumas fotos em redes sociais, até que, no dia 24 de janeiro, parou de entrar em contato com a família, e desde então encontra-se desaparecido. 

A família está em desespero sem notícias dele. Segundo uma de suas filhas, Daniela Ferreira, apesar da idade, Dirceu é um homem lúcido, inteligente e nunca deixou de dar informações. Para piorar, receberam uma denúncia de que o pai foi visto debilitado, com febre, todo sujo, em Aracaju. Ela conta que começou com ele saindo do grupo da família, em seguida não atendia mais o telefone, nem mandava notícias pelo Facebook.

“Se estão dizendo que viram ele na valeta, eu acredito. Porque meu pai nunca deixou de dar informação. Ele já teria ido numa lan house para dar notícia pelo Facebook, para dizer que está tudo bem. Mas, até agora, nenhum sinal dele. Então, acreditamos sim que tem algo acontecendo”, revela a filha. 

Ainda segundo Daniela, seu pai chegou em Aracaju em dezembro e se instalou na praia de Atalaia, onde acampava em uma barraca junto com a namorada, que também está desaparecida.


“Entramos em contato com a família da namorada dele, porque ela também sumiu das redes sociais. A família disse que ela tinha ligado para dizer que tinha terminado com meu pai e ido embora. Mas, no dia seguinte, eles voltaram. Fizeram uma denúncia anônima dizendo que ele tinha sido visto mal, e não disseram onde ele estava”, conta a filha do idoso.

Casos de desaparecimento de pessoas são investigados pelas delegacias de área e das cidades onde acontecem. Em casos como o do senhor Dirceu Lima, que o registro partiu de outro Estado, a responsabilidade pela investigação é da Delegacia de Polícia Interestadual (Polinter).