27/10/2025 as 19:06
DIA DE FINADOS
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Com a chegada do Dia de Finados, data marcada por homenagens e lembranças, também vêm à tona crenças e tabus que ainda cercam o universo da morte no imaginário popular. Apesar de o tema estar mais presente nas conversas, muitos mitos ainda persistem — desde o medo de frequentar cemitérios a equívocos sobre cremação.
Para Roberto Toledo, diretor do Grupo Zelo, o momento é ideal para promover uma reflexão mais leve e realista sobre o tema. “Ainda existem muitas crenças que distorcem a visão sobre a morte e os rituais de despedida. Hoje, as cerimônias estão mais personalizadas, o uso de tecnologia é crescente e há uma preocupação maior com o meio ambiente e com o acolhimento das famílias. Falar sobre o assunto com naturalidade é uma forma de quebrar tabus e transformar o Dia de Finados em um momento de memória e celebração da vida”, afirma.
O que mudou nos últimos anos
O setor que lida com a morte passou por uma verdadeira transformação nos últimos anos. Cerimônias e homenagens se tornaram mais acolhedoras e personalizadas, refletindo a história e as paixões de quem partiu. O uso de tecnologias — como transmissões online e plataformas de homenagens virtuais — também se tornou mais comum, permitindo que familiares e amigos participem à distância.
Outro avanço importante está nas soluções ecológicas, como a utilização de insumos menos agressivos ao meio ambiente, a criação de diamantes a partir das cinzas da cremação, o aumento dos cemitérios verticais e o aprimoramento das práticas de destinação de resíduos. “O cuidado com o corpo, por exemplo, é feito com técnicas mais seguras e sustentáveis. Além disso, há uma influência crescente da psicologia do luto, que ajuda a tornar todo o processo mais humano e respeitoso”, acrescenta Toledo.
10 mitos e verdades sobre a morte e o luto no Brasil
Mito: “Todos os cemitérios são iguais.”
Realidade: Cada espaço tem características próprias, tradições regionais e formas diferentes de acolher as famílias. Há desde cemitérios verticais até jardins-memoriais, que unem natureza e arte.
Mito: “Planejar o próprio funeral atrai a morte.”
Realidade: Essa é uma das superstições mais comuns. Refletir sobre o tema é, na verdade, um gesto de maturidade e cuidado com quem ficará.
Mito: “A cremação é cara e proibida pela religião.”
Realidade: O custo depende da localidade e das opções de serviço. E, ao contrário do que muitos pensam, a Igreja Católica permite a cremação desde 1963, enquanto outras religiões, como o Hinduísmo e o Budismo, a adotam como parte central de seus rituais.
Mito: “As cinzas da cremação contêm flores e pedaços do caixão.”
Realidade: O forno crematório atinge temperaturas de até 1.000 °C, consumindo por completo madeira, tecidos e flores. O que resta são fragmentos ósseos processados até se tornarem cinzas.
Mito: “As cinzas são misturadas com as de outras pessoas.”
Realidade: O processo é individual e segue protocolos de identificação rigorosos. Cada cremação é acompanhada por sistemas de rastreio que garantem total segurança.
Mito: “Os cemitérios reutilizam urnas.”
Realidade: A prática é ilegal. As urnas são de uso único e o descarte segue regras ambientais e sanitárias específicas.
Mito: “É proibido realizar velórios à noite.”
Realidade: Não existe lei federal que proíba. Alguns locais limitam o horário apenas por motivos de segurança e logística.
Mito: “Pisar na terra do cemitério traz doença.”
Realidade: Cemitérios modernos seguem padrões sanitários rígidos. Técnicas como a tanatopraxia, que preserva o corpo, garantem segurança e conforto aos visitantes.
Mito: “É possível enterrar em qualquer lugar.”
Realidade: O sepultamento, ou inumação, só pode ocorrer em locais legalmente autorizados, preparados para o manejo adequado dos corpos e resíduos.
Mito: “Falar sobre a morte atrai coisas ruins.”
Realidade: Falar sobre o tema ajuda a encarar a finitude de forma mais natural e a valorizar a vida. “Quanto mais natural for o diálogo, mais preparados estaremos para viver o luto de forma saudável”, diz Toledo.
Ressinificando o Dia de Finados
Para o especialista, Finados pode e deve ser um dia de celebração e afeto, e não apenas de tristeza. “Após o período mais doloroso do luto, manter viva a memória de quem partiu é uma das formas mais puras de amor. Plantar uma árvore, acender uma vela, reunir a família ou visitar o local de descanso são gestos que reforçam esse vínculo e ressinificam a data”, conclui Toledo.
Glossário: entenda alguns dos principais termos do universo da despedida
Cinzas: Resultado da cremação após o processamento dos fragmentos ósseos.
Cinerário: Espaço coletivo, geralmente em cemitérios ou locais de culto, destinado a receber as cinzas dos cremados. Pode ser um jardim onde as cinzas são espalhadas ou um ossário comum.
Columbário: Estrutura com nichos (lóculos) projetada para guardar as urnas cinerárias de forma individual e perpétua.
Cremação: processo de redução do corpo a cinzas por meio da incineração; opção cada vez mais buscada por famílias que desejam alternativas ao sepultamento tradicional.
Exumação: procedimento legal e técnico de retirada dos restos mortais de um jazigo, geralmente após o período mínimo de sepultamento determinado pela legislação.
Inumação: termo técnico para o sepultamento tradicional.
Jazigo: espaço destinado ao sepultamento em cemitérios, que pode ser individual, familiar ou coletivo, adquirido de forma perpétua ou temporária.
Lápide: placa de identificação colocada sobre o túmulo ou jazigo, geralmente contendo o nome, datas de nascimento e falecimento, além de mensagens ou símbolos escolhidos pela família.
Plano funerário: serviço contratado antecipadamente que garante cobertura de custos e assistência completa no momento do falecimento, evitando despesas inesperadas e burocracias para a família.
Tanatopraxia: procedimento técnico que preserva o corpo por um período maior, permitindo a realização de velórios prolongados com dignidade e conforto para a família.
Traslado: transporte do corpo entre cidades, estados ou países, realizado conforme normas legais e sanitárias específicas.
Urna funerária: popularmente conhecido como “caixão”, é o recipiente que acondiciona o corpo após o falecimento; disponível em diferentes materiais, tamanhos e acabamentos, pode ser escolhido de acordo com preferências pessoais, religiosas ou familiares.
Velório: cerimônia de despedida que antecede o sepultamento ou cremação; pode ser personalizada com homenagens, músicas, mensagens e até recursos audiovisuais.