04/09/2018 as 17:27

Cultura

Musical ‘O Beijo do Asfalto’ chega a Aracaju

Idealizado pelo ator e compositor Cláudio Lins, espetáculo está em turnê pelo Nordeste.

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Musical ‘O Beijo do Asfalto’ chega a AracajuFoto: Felipe Panfili/Divulgação

A musicalidade de Nelson Rodrigues em singular montagem dirigida por João Fonseca e trilha sonora de Cláudio Lins, que sobe ao palco como Arandir, chega em Aracaju no próximo dia 8, no Teatro Atheneu, às 20h. ‘O Beijo no Asfalto’, obra ‘rodriguiana’ lançada em 1960 e adaptada dezenas de vezes para o teatro e em duas versões cinematográficas, ganhou a primeira versão musical ao completar 55 anos e visita o Nordeste, conquistando público.

Depois de Maceió (Al) e Recife (PE), a capital sergipana recebe um dos clássicos do dramaturgo Nelson Rodrigues, em que um homem na calçada perde o equilíbrio e cai na frente de uma lotação, que o atira longe. A primeira pessoa a socorrê-lo é Arandir que ao se debruçar sobre o moribundo, este pede um último desejo: um beijo. Arandir o beija. E logo depois o rapaz morre. O episódio é presenciado por Aprígio, sogro de Arandir e pelo jornalista Amado Ribeiro. O astuto repórter policial do jornal Última Hora vislumbra no acontecimento a possibilidade de estampar na primeira página do dia seguinte uma história de manchete bombástica: O Beijo No Asfalto.

Preservando cada bem traçadas linhas do texto do dramaturgo pernambucano, Cláudio Lins se debruçou sobre métricas, explorou a musicalidade de cada período e deu a sonoridade à obra. “O texto do Nelson Rodrigues está na íntegra e o fato da obra ter como característica a musicalidade, usei a meu favor. Isso me ajudou bastante. E o resultado foi um formato que mantém o período do ocorrido, nos anos 1960, período mais impactante, mas com a atualidade de temas da atualidade como a homofobia, a questão do ‘fake news’, este último nem era tão comentado lá em 2015 quando estreamos o musical. Assim, é um espetáculo inovador e cheio de significados nesse momento atual. E interpretar o Arandir para mim é a realização de um sonho”, afirmou o produtor, ator e compositor Claúdio Lins.

De receptividade positiva na cidade de Maceió, ela ressalta a emoção singular de apresentar o musical na cidade de Nelson Rodrigues hoje e amanhã, 4 e 5. “Apresentar esse espetáculo musical no Nordeste já algo maravilhoso, mostrando nossa cultura para além do eixo Rio-São Paulo. E subir ao palco na cidade do Nelson Rodrigues, um pernambucano que se fez carioca, é algo que nos traz emoção. É um privilégio e tanto poder dividir com o público esse trabalho”, afirmou.

Em relação ao gênero musical sendo produzido e ganhando os palcos do país, Cláudio Lins destaca a identidade do público brasileiro para com o formato inevitavelmente relacionado aos grandes espetáculos da Broadway. “Com todo e respeito aos espetáculos de lá, claro, o que a gente vê aqui é que quando o musical é nosso, o público se identifica, se emociona, pois estamos dialogando sobre algo que é nosso, da nossa cultura. Então, acredito que conseguimos fazer isso. Eu sou adepto a reforçar cada vez mais o musical brasileiro, pois é de emocionar, e o público gosta disso, se vê na obra”, destacou.

ELENCO

Produzida por Claudio Lins e Ana Beatriz Figueras, essa turnê de “O Beijo no Asfalto – O Musical” tem no elenco Cláudio Lins no papel de Arandir; Thainá Gallo como Selminha; Luca de Castro, como Aprígio; Juliana Marins, como Dália; Claudio Tovar no papel do delegado Cunha; e Thelmo Fernandes, interpretando o jornalista Amado Ribeiro. Completam o elenco Jorge Maya, Janaina Azevedo, Ricardo Souzedo, Gabriel Stauffer, Pablo Áscoli, Beth Lamas, Philipe Carneiro, Marcéu Pierrotti e Marina Mota.

Na ficha técnica, além de João Fonseca e Délia Fischer, estão Nello Marrese que assina os cenários, Luiz Paulo Nenén, a Iluminação, Claudio Tovar, os figurinos e Sueli Guerra na Direção de Movimento, entre outros. Nesta circulação o espetáculo contará ainda com tradução de Libras e audiodescrição em todas as cidades, garantindo o acesso a portadores de deficiência auditiva e visual, além de se apresentar em teatros que ofereçam acesso a cadeirantes e seus acompanhantes.

Por Gilmara Costa/Da Equipe JC