04/02/2025 as 22:10
ROGÉRIO CARVALHOCom dados concretos, líder do PT no Senado expõe manipulação sobre inflação dos alimentos e mostra que maior alta ocorreu no governo Bolsonaro
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Na tarde desta terça-feira, 04, o líder do PT no Senado Federal, senador Rogério Carvalho (PT/SE), fez esclarecimentos sobre a polêmica em torno do aumento dos preços dos alimentos no domicílio. O parlamentar alertou que há uma tentativa de construir a ideia de que os preços estão descontrolados, quando, na realidade, a maior parte da alta ocorreu nos anos anteriores ao governo Lula.
Segundo Carvalho, nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro (2019-2020), os preços dos alimentos no domicílio subiram 27%. “Nos dois últimos anos da gestão (2021-2022), o aumento foi de 22%, totalizando mais de 50% da alta nesse período. Já nos dois primeiros anos do governo Lula, a inflação alimentar foi inferior a 8%”, revelou.
O senador destacou que essa tentativa de criar uma narrativa de descontrole ocorre porque alguns produtos específicos registraram altas pontuais, sendo a inflação puxada principalmente pela laranja e pelo café.
Fatores que impactaram os preços
De acordo com ele, o aumento no preço do café tem relação com a crescente demanda global, impulsionada pela Ásia. “No caso do café, ele se tornou uma bebida de consumo universal, competindo diretamente com o chá na Ásia. Isso elevou a demanda global pelo café, incluindo o do Brasil. Já os laranjais dos Estados Unidos e de São Paulo, que são grandes produtores de laranja, foram dizimados por pragas, reduzindo significativamente a produção. Como o Brasil é o maior produtor de suco de laranja do mundo, essa menor oferta impactou os preços”, explicou.
A carne, que teve queda nos preços ao longo de 2023, apresentou uma leve alta no final de 2024, mas dentro de um patamar muito inferior ao registrado nos anos anteriores. “O preço da carne, por sua vez, caiu em 2023 e teve um pequeno aumento no final de 2024, mas ainda assim em níveis bem menores do que no período anterior”, comentou.
“Essas variações de preços têm uma sazonalidade natural, com exceção da laranja e do café, que exigem um aumento da área plantada devido ao crescimento da demanda ou à eliminação de pomares afetados por pragas”, acrescentou.
Atuação do governo
O senador ressaltou que o governo federal está atento à regulação do mercado para evitar a redução da oferta de alimentos quando há possibilidade de aumento da produção. “Diante disso, o governo está atento aos produtos que podem ter compensação via regulação de mercado, ou seja, garantindo que a oferta não seja reduzida quando há possibilidade de aumento da produção. Em alguns casos, porém, não há como intervir, pois a oferta mundial já é menor do que a demanda”, garantiu.
Ele também enfatizou que o governo não pode intervir diretamente no controle dos preços, mas pode adotar políticas públicas para mitigar os impactos da inflação. “Vale lembrar que o governo não pode intervir diretamente no mercado para controlar preços – esse tempo já passou. O que pode ser feito é monitorar a variação de preços e investir em programas como o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), garantindo mais recursos para a compra de alimentos e estimulando a produção”, disse.
“Uma prova concreta disso é que estou destinando, junto a outro deputado do meu estado, R$ 5 milhões em emendas individuais para aquisição de alimentos. Essa ação visa ampliar a oferta e reduzir os preços dos alimentos que compõem a cesta básica, beneficiando diretamente a população”, exemplificou.
Variação do dólar
Outro fator apontado pelo senador como influente nos preços dos alimentos é a cotação do dólar, que impacta commodities comercializadas no mercado internacional. “A variação do dólar impacta os preços dos alimentos cotados no mercado internacional, como as commodities, as mercadorias. O governo tem atuado para conter oscilações cambiais, como fez ao vender dólares para garantir o fluxo no mercado de câmbio brasileiro. O dólar, que chegou a R$ 6,29, caiu para a faixa de R$ 5,80 a R$ 5,85 e deve se estabilizar, apesar das turbulências geradas por medidas adotadas pelo novo presidente dos Estados Unidos”, comentou.
“Esse cenário de aumento de tarifas para Canadá, México, China e, possivelmente, Brasil e União Europeia cria incertezas no comércio global e pode impactar a economia mundial”, completou.
Impactos da reforma tributária
Rogério Carvalho também ressaltou que a reforma tributária trará benefícios para os preços dos alimentos da cesta básica, reforçando a política de isenção fiscal já adotada pelo governo federal e por alguns estados.
“No caso da cesta básica, os alimentos já são beneficiados com isenção de impostos federais, e alguns estados também não cobram ICMS sobre esses produtos. A reforma tributária reforça essa política, zerando a alíquota para os itens da cesta básica, o que deve contribuir para a redução dos preços. No entanto, a questão central é a oferta e demanda.”
Com isso, o senador reiterou que alguns alimentos podem ter a produção ampliada rapidamente, enquanto outros, como laranja e café, demandam mais tempo para recuperação da oferta. “Alguns alimentos podem ter a produção ampliada rapidamente, como arroz, feijão e batata, que podem aumentar a oferta de um semestre para o outro. Já culturas como laranja e café exigem mais tempo. Um pomar de laranja leva cerca de três anos para começar a produzir, e o café demanda ainda mais tempo para atingir a plena produtividade. No caso da carne, o mercado externo, o clima e até fatores como queimadas interferem nos preços”, concluiu.