10/11/2025 as 08:21

ANDRÉ MOURA

“Nunca fui dono do INSS, é uma mentira para prejudicar minha imagem”

Ele também rebate as acusações feitas na cpmi da previdência de que teria influência sobre o inss, classificando o rótulo de “factóide” sem lastro e afirmando que não há fatos e documentos contra si.

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Nesta entrevista ao Jornal da Cidade, André Moura, atual secretário de governo do Rio de Janeiro e chefe da representação fluminense em Brasília, defendeu a operação contenção como resposta planejada e dentro da lei ao avanço das facções na cidade fluminense, detalhando seu papel na coordenação logística e na integração entre órgãos de segurança e ministério público. Com o JC, ele reafirma uma agenda de endurecimento penal – da redução da maioridade em crimes hediondos ao fim de “saidinhas” e visitas íntimas para faccionados – e diz que pretende atualizar o marco legal contra o crime organizado. Ele também rebate as acusações feitas na cpmi da previdência de que teria influência sobre o inss, classificando o rótulo de “factóide” sem lastro e afirmando que não há fatos e documentos contra si. Ao tratar de Sergipe, aponta que a vice-liderança da filha, deputada Yandra Moura, no maior bloco da Câmara, amplia a capacidade de pautar prioridades do estado. Acompanhe o conteúdo a seguir:

JORNAL DA CIDADE - Como o senhor avalia a operação policial de fim de outubro no Rio de Janeiro – que resultou na morte de quatro agentes das forças de segurança e mais de 115 criminosos – e qual foi, exatamente, o seu papel institucional como secretário de Governo e da Representação em Brasília nesta coordenação?
ANDRÉ MOURA – A Operação Contenção se tornou uma referência para todo o Brasil pela forma estratégica e corajosa como enfrentamos um dos maiores problemas do Rio de Janeiro e do nosso país, atualmente: o avanço das facções criminosas. Nada ali se deu por acaso, e, como diz o governador Cláudio Castro, morreram 121 pessoas, entre as quais quatro heróis que deram a vida no combate à criminalidade, e 117 marginais, bandidos terroristas. As polícias do Rio de Janeiro tinham mandados judiciais de captura dos líderes do Comando Vermelho a cumprir, inclusive de criminosos de outros estados que estavam escondidos nos complexos do Alemão e Penha. O governo iniciou o planejamento desta ação mais de um ano antes de colocá-la em prática, e foram 60 dias de organização tática, um esforço que envolveu diversas secretarias, a integração da Polícia Civil com a Polícia Militar e até a participação de órgãos externos, como o Ministério Público. Todas as secretarias estiveram envolvidas, e nós sempre nos colocamos à disposição de todas elas no que pudéssemos ajudar. Mas os grandes responsáveis pela operação foram as secretarias da área de segurança pública. De fato, a gente tem contribuído com a segurança pública do Rio de Janeiro diariamente, através do Segurança Presente, um programa que atua em várias frentes, inclusive no âmbito da Lei Seca, por exemplo. São ações que ajudam a melhorar a sensação de segurança e têm sido aprovadas pela população fluminense.

JC – Como deputado federal, o senhor apresentou diversos projetos de lei na área de segurança. Essa agenda permanece integralmente? O que o senhor irá fazer caso eleito senador?
AM – Pois é, não é de hoje que luto contra o crime e a impunidade. Na Câmara dos Deputados, apresentei projetos para endurecer a lei: reduzir a maioridade penal para 16 anos, aumentar a pena para membros de facções, traficantes e assassinos para até 50 anos, e tornar obrigatório o trabalho nas prisões para que os detentos arquem com suas despesas e indenizem as vítimas. Tem outro projeto que eu considero importante, que é o auxílio-reclusão. Ele hoje é pago para quem matou enquanto estiver preso. Basta ter contribuído com o INSS para a família do preso receber o auxílio-reclusão. Ele matou, tirou a vida de um pai de família, de um trabalhador, mas, como contribuiu com o INSS, sua família recebe o auxílio-reclusão, quando este deveria ir para a família da vítima, de quem perdeu o provedor da casa, responsável por botar o prato de comida na mesa da família todo santo dia. Esse projeto corrige essa distorção, garantindo às famílias da vítima o auxílio que hoje vai para quem matou. Por outro lado, diante do avanço do crime organizado, eu defendo penas mais severas para quem usa armas de guerra, a redução de recursos protelatórios no Judiciário e o fim de flexibilizações penais, como tornozeleira eletrônica para crimes contra a vida. Também defendo enquadrar o crime organizado como terrorismo, retirar o direito à visita íntima para faccionados e proibir as “saidinhas”. É para retomar essas pautas e propor leis ainda mais duras – fortalecendo a segurança e protegendo as famílias – que busco um mandato de senador por Sergipe.

JC – Na CPMI da Previdência, opositores afirmaram que o senhor teria influência sobre o INSS e que, em 2018, indicou Alexandre Guimarães para a Diretoria de Gestão de Pessoal do instituto. O senhor foi chamado de “Dono do INSS”, o que é fato e o que é interpretação política? Houve indicação sua?
AM – Isso nunca existiu: nunca fui “dono” do INSS. É uma mentira para prejudicar minha imagem junto ao eleitor, justamente quando as pesquisas me colocam entre os favoritos para 2026. É uma tentativa de me desgastar. Quando fui líder, cumpri trâmites formais da liderança, nada além disso. Não houve indicação pessoal minha, mas do PSC. Estão tentando fabricar uma história para colar suspeita sem base. Desafio que apresentem uma única prova de que eu tenha qualquer envolvimento com este escândalo do INSS. Não sou investigado por nenhum órgão. Estão fabricando um factóide para tentar colar uma suspeita sem base. O jornalista Cláudio Nunes denunciou, nesta semana, que uma fonte do PT no Congresso admitiu que esse súbito surgimento do meu nome na CPMI faz parte de uma estratégia articulada. E tudo isso acontece bem no momento em que a nossa pré-candidatura cresce e alianças políticas são seladas por Sergipe. Outro fato que chama a atenção é que os ataques ocorrem por parte de dois parlamentares do mesmo partido, o PT, sem nenhum apoio ou ressonância em outras siglas representadas na CPMI. Portanto, não há dúvidas de que toda essa ação desses parlamentares é coordenada. Buscam criar um factóide para forçar minha convocação, mesmo sem citação formal em inquéritos da PF, da CGU ou do Ministério Público. Uma fórmula manjada que reúne o que há de pior na política e no marketing político.

JC – Mas há três requerimentos para sua convocação à CPMI. Se for convocado, quais esclarecimentos apresentará para encerrar essa controvérsia?
AM – Sabe desde quando esses requerimentos foram apresentados? Agosto. E por que não foram aprovados – e não devem ser? Porque, como eu disse, meu nome não aparece em nenhum inquérito de nenhum órgão de investigação, seja a PF, a CGU ou o Ministério Público. Querem criar associação negativa repetindo uma suspeita até que pareça verdade. Agora, pense: se eu tivesse algo a esconder, a minha filha, deputada Yandra Moura, votaria pela instalação da CPMI do INSS e faria discurso pedindo a punição de quem roubou os aposentados? Não faz sentido! Segundo Cláudio Nunes apurou, até a eleição, outras mentiras podem surgir. Nós estamos atentos. Se a denúncia do jornalista estiver correta, é muito preocupante que uma CPMI seja usada para fins eleitoreiros. Eu faço política pelo diálogo; mas, diante de acusações infundadas, será “olho por olho, dente por dente”, lógico, no campo dos fatos e das provas. Não sou de acusar ninguém injustamente.

JC – Sua filha, a deputada Yandra Moura, assumiu a vice-liderança do maior bloco partidário da Câmara, que tem duas federações e três partidos. Que papel ela pode exercer nas pautas de segurança pública e fiscais, e como essa posição pode beneficiar Sergipe?
AM – Essa posição estratégica é resultado da influência e do excelente trabalho que a deputada Yandra vem realizando na Câmara, e dá a ela voz nas reuniões que definem a pauta do Plenário e o ritmo das votações. Isso significa poder articular prioridades, orientar bancadas e negociar textos finais de projetos – inclusive os relativos à segurança pública e os de interesse fiscal dos estados como um todo, bem como dos municípios. Na prática, ela consegue abrir caminho para iniciativas que reforcem a proteção nas escolas, ampliem recursos para policiamento e tecnologia, e garantam ajustes fiscais que não penalizem Sergipe. Além disso, a vice-liderança e a atuação em comissões ampliam a capacidade de destravar emendas, convênios e investimentos. O resultado é objetivo: mais articulação política para aprovar bons projetos e trazer resultados concretos para o nosso estado.

JC – Em 2018, o senhor ficou a menos de 50 mil votos da segunda vaga ao Senado. O que mudou de lá para cá e por que o eleitor deveria confiar ao senhor um mandato agora em 2026?
AM – Muita coisa mudou. Ganhei mais experiência executiva e uma capacidade ainda maior de articulação nacional, fatores que, somados à minha já reconhecida capacidade de trabalho, vão contribuir muito para que Sergipe continue avançando nas mais diversas áreas sob o comando do governador Fábio Mitidieri. Além disso, tenho um plano claro para Sergipe: na segurança pública, vou propor a modernização das polícias com novas viaturas, drones e sistemas de inteligência, e integrar programas sociais à segurança, com foco nas escolas e na prevenção entre jovens, além de criar centros regionais de monitoramento, com leitura de placas e acompanhamento de áreas críticas em Aracaju e no interior. Também vou defender, na reforma tributária, compensações maiores para estados menores como Sergipe e também para os municípios, além de ampliar incentivos para indústrias que se instalarem aqui, especialmente em energia renovável, fertilizantes e tecnologia; e abrir linhas federais de crédito simples e rápidas para micro e pequenos negócios sergipanos. Precisamos acelerar a duplicação da BR-101 em trechos sergipanos e lutar pela modernização e ampliação do Porto de Sergipe (Barra dos Coqueiros) para atrair exportações e investimentos, além de captar recursos para parques solares e eólicos, consolidando o estado como polo energético. Vou apresentar projetos visando ampliar leitos e equipamentos nos hospitais regionais e fortalecer programas de combate à pobreza extrema. Tudo isso se resume em mais recursos federais, segurança fortalecida e criminalidade em queda, atração de empresas e empregos, logística e energia mais eficientes – é melhoria real na qualidade de vida da população. É com esse compromisso e com resultados concretos que busco a confiança do eleitor em 2026.