28/04/2023 as 10:57

LOTAÇÃO

Vírus respiratórios atingem crianças de 0 a 4 anos e lotam hospitais

Segundo especialista, aumento era esperado por causa da estação do ano

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Vírus respiratórios atingem crianças de 0 a 4 anos e lotam hospitais

Os hospitais, sejam eles municipais, estaduais ou da rede privada, estão completamente lotados de crianças com sintomas de síndromes respiratórias nestas últimas semanas em Sergipe. Conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), os números de atendimentos às crianças entre zero e quatro anos de idade nos meses de março e abril esse ano já superam os resultados registrados no mesmo período em 2022. Segundo os números apontados no balanço da SMS, foram atendidas 2.410 crianças desta faixa etária (zero e quatro anos) nas Unidades de Saúde da rede municipal de Aracaju nestes últimos dois meses.

Enquanto em 2022, havia sido registrado um total de 2.350 atendimentos para este público no período citado. Os gráficos da SMS indicam ainda que 111 crianças precisaram ser internadas por apresentarem quadro mais grave de gripe entre março e abril. Nos hospitais de urgência e emergência do setor privado a situação chama ainda mais atenção, diante dos relatos de alguns pais nas redes sociais, de falta de atendimento ou demora significativa nas unidades. De acordo com a médica e presidenta da Sociedade Sergipana de Pediatria (Sosepe), Ana Jovina Barreto Bispo, a situação já é esperada para o período e se repete todos os anos. “O outono é o período do ano em que aumenta muito os casos de doenças respiratórias virais porque a queda e as oscilações de temperatura, em conjunto com o tempo seco favorecem a propagação do vírus”, explica.

A especialista reitera que, apesar de as doenças respiratórias virais evoluírem habitualmente sem maior gravidade, algumas situações podem ter diagnóstico desfavorável, com insuficiência respiratória ou complicações bacterianas graves, necessitando hospitalização. “Esse ano estamos observando um percentual maior de casos mais graves. A baixa cobertura vacinal contra alguns patógenos causadores de pneumonia como pneumococo, pode estar relacionada a esse aumento de complicações”, destaca a profissional, reforçando a necessidade de vacinação das crianças, fator que vem sendo destaque de diversas campanhas de saúde visando incentivar pais e mães a cumprirem o calendário vacinal dos seus filhos, diante dos baixos números registrados em todo o país.

Uma das doenças que está acometendo essas crianças é a bronquiolite. O vírus se apresenta como um resfriado a priori, com coriza, febre, tosse, recusa alimentar. “Normalmente o organismo da criança reage a essa infecção inicial e combate à doença. Em algumas crenças, sobretudo as menores de seis meses, os bebês que têm doença cardíaca e os que nasceram prematuros, pode evoluir para inflamação dos bronquíolos e dificuldade respiratória com necessidade do uso de oxigênio”, explica a médica.

RECOMENDAÇÕES
Para evitar que as crianças sejam acometidas pelas doenças, a médica pediatra indica aos pais manterem o aleitamento materno, além de oferecê-las alimentação saudável, com alimentos in natura ou pouco processados. Também é importante vacinar durante a campanha contra influenza e coronavírus e manter o calendário de vacinação atualizado, evitar a exposição das crianças a cigarros, evitar levar as crianças a aglomerações e locais fechados, não mandar crianças doentes para creches, hoteizinhos e escolas. “É importante também que os adultos sejam exemplos, usando máscaras quando doentes, ensinando sobre lavagem constante das mãos e limpeza de superfícies. Os adultos que fazem partem dos grupos vulneráveis com direito a vacina contra a gripe devem também vacinar o mais rápido possível para diminuir a circulação viral e os adoecimentos das crianças”, reforça. Mas, em caso de adoecimento, a especialista orienta a “sempre que possível procurar o atendimento com um pediatra. Em casos sem sinais de gravidade, sem fatores de risco para doença grave o atendimento deve ser ambulatorial, em unidades básicas de saúde ou consultórios. O atendimento em serviços de urgência deve ser restrito a menores com algum sinal de gravidade ou fator de risco para doença grave”.

COMPLEXO DE SAÚDE SÃO LUCAS
Um dos hospitais da rede particular de saúde em Aracaju a apresentar grande volume de pacientes pediátricos por síndromes gripais foi o Complexo de Saúde São Lucas, localizado no Bairro São José. De acordo com a Comunicação da unidade, “a demanda de CTI está elevada, no entanto, os pacientes têm melhorado relativamente rápido”. Ainda conforme aponta o hospital, “a quantidade de leitos da unidade é dinâmica, devido ao modelo de gestão da rede”.

UNIMED
O Hospital de Urgências Pediátricas da rede Unimed, também localizado no Bairro São José, foi um dos que mais teve registros de pais insatisfeitos com a demora no atendimento e, em alguns relatos, houve até mesmo falta de atendimento às crianças doentes. Em nota, o Hospital Unimed informou que, desde o mês de fevereiro, percebeu-se um aumento nos atendimentos pediátricos. Em fevereiro foram 1.258 atendimentos, porém em março foram contabilizados 1.891. “Dos números de atendimento do mês de março somente 21% foram de crianças com síndromes gripais, no entanto, 44% das internações pediátricas foram por motivos de respiratórios, com aumento da gravidade. Números que refletem na taxa de ocupação pediátrica que vem aumentando nos últimos dois meses, período que historicamente, há uma tendência de aumento de doenças respiratórias devido a sazonalidade. No cenário atual estamos com 100% da ocupação dos leitos destinados ao internamento pediátrico. O hospital garante que tem adotado medidas estratégicas para otimizar as filas de atendimento, como garantir o atendimento qualificado a todos os seus pacientes”, disse a Comunicação do hospital, por meio de nota.

|Por Laís de Melo