18/03/2019 as 09:13

Sociedade

TB entrevista Celi Marques

Doutora Celi vai nos contar também como prevenir as doenças cardiovasculares.

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TB entrevista Celi Marques

Nossa entrevista é com a médica cardiologista Celi Marques, futura presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher (DCM) da Sociedade Brasileira de Cardiologia, biênio 2020-2021. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Sergipe (1981), com especialização em Cardiologia pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Cardiologia (1996), especialização em Medicina Intensiva pela Associação Médica Brasileira e Associação de Medicina Intensiva Brasileira (2005), mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Sergipe (2006) e especialização em Curso de Desenvolvimento Docente- PBL, Universidade Tiradentes, UNIT, Brasil. Atuou como presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Regional Sergipe 1998-2000; médica da Secretaria de Saúde do Município de Aracaju, na Coordenação do Programa de Atendimento Integrado ao Hipertenso e no Programa Saúde da Família, médica cardiologista da Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe, onde trabalhou, por mais de 10 anos, na Maternidade de alto risco Nossa Senhora de Lourdes. Como membro do São Lucas Cardio, é coordenadora das Unidades de Terapia Intensiva da Clinica e Hospital São Lucas – Unidades Cardiovascular e Pós-cirúrgica. Dinâmica e competente médica que hoje vai nos falar sobre a Caminhada Alerta Vermelho para o Coração da Mulher, que será realizada neste sábado, 16, na orla da Atalaia. Doutora Celi vai nos contar também como prevenir as doenças cardiovasculares.

Thaïs Bezerra – Porque o alerta vermelho para o coração das mulheres?
Celi Marques - Esta chamada nada mais é do que uma reverberação do alerta criado pela American Heart Association - ”Go Red for Women” iniciado desde 2004 com objetivo de chamar a atenção das mulheres quanto à necessidade de conscientização sobre doenças cardíacas e derrame, como um dos principais “assassinos” de mulheres. Foi uma iniciativa apaixonada, emocional e social desenvolvida, na ocasião, para capacitar as mulheres a cuidar de sua própria saúde do coração. O DCM, desde aquela ocasião, aderiu à iniciativa e, este ano e os próximos, trabalharemos, com afinco, nesta propagação: Alerta Vermelho para o Coração da Mulher. Nos dias atuais, a Doença Cardiovascular (DCV), que engloba a Doença Arterial Coronária (DAC) e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), é a causa número um de morte de mulheres nos Estados Unidos, no Brasil e ao redor do mundo. A DAC mata cerca de 30% das mulheres. Mata sete a oito vezes mais do que o câncer de mama e tem, com frequência, acometido mulheres cada dia mais jovens.

TB - O que causa as Doenças Cardiovasculares (DCV)?
CM - São vários os fatores de risco ligados às DCV. Alguns fatores de risco, como o tabagismo, na verdade, colocam as mulheres em maior risco de sofrer um ataque cardíaco do que os homens. Outros fatores de risco comuns para doenças cardíacas, em mulheres, incluem: pressão alta, colesterol alto no sangue, falta de atividade física regular, obesidade, diabetes ou pré-diabetes, menopausa, principalmente quando precoce, complicações na gravidez (parto prematuro, pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional, diabetes gestacional), tratamentos para câncer de mama, doenças autoimunes (lupus, artrite reumatóide...), idade, estresse psicológico ou emocional e depressão.

TB – Quais os sintomas de um ataque cardíaco em mulheres?
CM - Os sintomas clássicos, como dor retroesternal, em aperto, com palidez, são conhecidos de todos. Entretanto deve-se considerar, nas mulheres, uma dor no peito, pressão ou desconforto ou, até mesmo, queimação; desconforto no pescoço, maxilar, ombro, parte superior das costas ou abdome; falta de ar, sensação de morte; dor em um ou nos dois braços; náusea ou vômito; suor sem uma razão óbvia, como exercício ou ondas de calor; tonturas; fadiga incomum ou diminuição do nível de energia nas suas atividades habituais.

TB – Como a mulher pode se prevenir de uma Doença Cardiovascular (DCV)?
CM – O primeiro passo para a prevenção é conhecer e entender seu nível de risco cardiovascular. Muitos fatores de risco podem ser bem gerenciados com o conhecimento da paciente e com a ajuda do seu médico.
Independentemente de você estar ou não em risco de ter doenças do coração, fazer algumas modificações ​​no estilo de vida diminuem as chances de todos terem um ataque cardíaco.

TB - Quais as recomendações para se ter uma vida com menos riscos?
CM - Recomenda-se para uma vida de menos risco: adicionar exercício à sua rotina diária; tornar-se sempre ativa; manter um peso saudável; comer uma dieta que inclua grãos integrais, frutas e legumes, produtos lácteos com baixo teor de gordura ou sem gordura e carnes magras; evitar gorduras saturadas ou trans, açúcares adicionados e grandes quantidades de sal; parar de fumar; administrar o estresse; tratar a depressão; conhecer o seu grau de risco cardiovascular com seu médico; buscar paz espiritual; viver em equilíbrio com a natureza.

TB – Como será esta caminhada de hoje? Qual o objetivo?
CM - Se me permite, vou contar-lhe como surgiu a ideia “Coração Saudável e Praia Limpa”. Eu estava, no dia 1º de janeiro deste ano, andando, na praia, com uma amiga e minha filha; percebi que o mar estava lindo, mas havia muita sujeira na praia, muito plástico, muita lata de cerveja, enfim, ressaca de final do ano. Minha filha sugeriu que catássemos o lixo e limpássemos a praia, enquanto andávamos. Outros amigos chegaram, e esta atividade se tornou muito divertida. Andamos mais do que estava previsto. Tiramos fotos e voltamos felizes. Na volta, eu falei: - que tal pedir o apoio da SBC/SE, representada por doutora Sheila Ferro, para fazermos uma caminhada, no mês Internacional da Mulher, andando, na praia, catando poluentes, alertando para os fatores de riscos cardiovasculares e a preservação da Natureza? A ideia foi lançada, aprovada e, acreditando no poder da mulher, na sua capacidade de aderir ao que acredita e na sua determinação, aqui estamos. Vamos andar 1 km pela praia. Sairemos dos Arcos (concentração inicial – local de distribuição dos kits) até à Cinelândia (finalização – local onde depositaremos o “lixo” recolhido, parada para uma água e uma saladinha de frutas). Natureza/mulher/preservação e prevenção – juntos, harmônicos, tudo por um mundo saudável e melhor.

CM- Aproveito para agradecer o espaço no seu caderno de alta visibilidade, e, aqui, lhe reverenciar como mulher competente e comprometida com a saúde cardiovascular.