12/05/2025 as 09:35
ENTREVISTANesta entrevista, ela compartilha insights valiosos sobre como a maternidade impacta o bem-estar psicológico e como é possível promover uma vivência mais saudável e acolhedora para as mães.
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No mês em que celebramos o Dia das Mães, é fundamental ampliar o olhar para além das comemorações e refletir sobre os desafios cotidianos enfrentados por quem exerce a maternidade. Entre a sobrecarga de tarefas, expectativas sociais e o cuidado com os filhos, muitas mulheres acabam negligenciando a própria saúde mental. Para entender melhor esse cenário e discutir caminhos para o autocuidado e o apoio emocional das mães, conversamos com a psicóloga clínica há 20 anos, Carolina Mendonça (@psicarolinamendonca). Além de esposa, ela é palestrante, professora, celebrante social e filha de Yara Mendonça e MÃE da linda Maria Cecília. Nesta entrevista, ela compartilha insights valiosos sobre como a maternidade impacta o bem-estar psicológico e como é possível promover uma vivência mais saudável e acolhedora para as mães. Boa leitura!
JC SOCIAL - Por que é importante que as mães cuidem da própria saúde mental e emocional?
CAROLINA MENDONÇA - Porque as mães são, na maioria das vezes, o principal suporte emocional e prático dentro da família, especialmente para os filhos. Quando uma mãe está emocionalmente equilibrada, ela consegue cuidar melhor, com mais paciência, empatia e energia. Além disso, quando ela cuida de si mesma ensina a importância do autocuidado aos seus filhos. Quando se cuida física e emocionalmente, ela evita o esgotamento e mantem uma identidade própria, além da sua satisfação pessoal, o que faz com que a mesma alimente relações saudáveis e tenha mais qualidade de vida.
JC SOCIAL - Quais são os impactos do autocuidado materno na dinâmica familiar?
CM - Em primeiro lugar, o autocuidado evita que a mãe se anule em função da família, o que pode levar ao esgotamento e ao distanciamento emocional. Quando a mãe está bem consigo mesma, há menos tensão, estresse e conflitos no ambiente familiar, o que leva a mesma a criar um clima afetuoso e desejar manter uma relação saudável junto aos seus. Além disso, quando a mãe se permite cuidar de si, ela cria um modelo positivo para os filhos, dando espaço e exemplo para os mesmos se desenvolverem com independência e autonomia.
JC SOCIAL - O que acontece quando uma mãe se dedica exclusivamente aos filhos e se esquece de si mesma?
CM - Vários impactos negativos podem surgir, tanto para ela quanto para a família. A começar pelo esgotamento físico e emocional, como já dito, fruto de uma sobrecarga que vem, muitas vezes, cheia de culpa e autocrítica excessivas. Muitas mães se exigem bastante e isso é extremamente desgastante. Quando a maternidade ocupa todo o espaço, a mulher pode se desconectar de quem ela é, como pessoa, como mulher, esquecendo seus sonhos, interesses e necessidades, e essa falta de equilíbrio pode gerar frustração, muita angústia, além de refletir no próprio casamento e até mesmo nas relações de trabalho e de amizade.
JC SOCIAL - Como a culpa materna pode interferir no autocuidado?
CM - A culpa materna é um dos maiores obstáculos ao autocuidado, porque muitas mães sentem que, ao se priorizarem em algum momento, estão sendo egoístas ou negligentes com os filhos. Mães assim, ignoram sinais de exaustão, tristeza ou frustração e acreditam que devem ser fortes o tempo todo, alem de negarem ou não saberem pedir ajuda, pois acreditam que darão conta de tudo. Com isso, tendem a evitar atividades que fariam muito bem, se autossabotando. Isso é uma grande armadilha!
JC SOCIAL - É comum que mães se sintam egoístas por tirarem um tempo para si? Como lidar com isso?
CM - Sim, é muito comum! Especialmente em uma cultura que romantiza e idealiza a maternidade como sinônimo de sacrifício total. Esse sentimento vem da crença de que uma “boa mãe” deve estar sempre disponível e colocar as necessidades dos filhos acima de tudo, o tempo todo. Mas essa ideia é irreal e insustentável. Precisamos lembrar que somos seres humanos, antes de sermos mães. Ser mãe, é uma parte da nossa identidade. Nossas necessidades, emoções e desejos também importam. Tirar um tempo para si não significa amar menos, mas se fortalecer para amar melhor.
JC SOCIAL - Como a terapia pode ajudar uma mãe que está se sentindo esgotada?
CM - A psicoterapia oferece um espaço seguro, acolhedor e sem julgamentos para que ela possa praticar o autoconhecimento, para que consiga reconhecer e validar seus sentimentos, criando uma autoimagem positiva de si mesma. Na terapia, ela aprende a desconstruir suas crenças limitantes sobre a maternidade e a criar estratégias de autocuidado e equilíbrio emocional. Ela se fortalece, aumentando sua autoestima e confiança em si mesma. Ganha a mãe e ganha a família, por consequência.
JC SOCIAL - Existe alguma mensagem que você gostaria de deixar para as mães que estão se sentindo sobrecarregadas?
CM - A maternidade é importante, mas você também é. E o mundo precisa de mães que estejam inteiras, não perfeitas. Ser mãe é uma das experiências mais intensas e especiais da vida, mas isso não significa que você precise dar conta de tudo, o tempo todo. Sentir cansaço, frustração ou até vontade de sumir por um momento não faz de você uma mãe ruim. Faz de você um ser humano. O que você sente é válido! Saiba que você não está sozinha. Aprenda a pedir a ajuda e jamais esqueça que o autocuidado é sinônimo de autoamor. Quando você se cuida, automaticamente, se capacita para cuidar mais e melhor de quem você ama.