21/07/2025 as 08:45

ENTREVISTA

“Acredito que será um cenário de avaliação concreta dos resultados entregues por cada liderança”

A deputada federal, que ocupa a terceira Secretaria da Câmara como única mulher na composição, não esconde o apoio à reeleição de Fábio Mitidieri (PSD)

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Por Mayusane Matsunae
DA EQUIPE DO JC

Com R$ 140 milhões já destinados em emendas parlamentares e uma trajetória consolidada como defensora dos direitos das mulheres e dos mais vulneráveis, a delegada Katarina (PSD) já tem os olhos voltados para 2026. A deputada federal, que ocupa a terceira Secretaria da Câmara como única mulher na composição, não esconde o apoio à reeleição de Fábio Mitidieri (PSD) e elogia os avanços de Sergipe na segurança e no combate à desigualdade. Nesta entrevista com o Jornal da Cidade, ela detalha sua “postura municipalista”, revela os desafios de atuar em uma estrutura política machista e projeta um cenário eleitoral onde “quem demonstrar trabalho, compromisso e coerência terá mais legitimidade junto à população”.

JORNAL DA CIDADE - Como a senhora avalia sua atuação como deputada federal desde que assumiu o mandato? Quais foram os principais desafios encontrados?
DELEGADA KATARINA – Tenho uma atuação firme, comprometida e presente. Desde o primeiro dia, assumi o compromisso de ser uma voz ativa por Sergipe, especialmente pelos mais vulneráveis. O maior desafio tem sido equilibrar as grandes demandas do nosso estado com as limitações orçamentárias e burocráticas que enfrentamos no Congresso. Além disso, como mulher, ainda preciso enfrentar uma estrutura política muito machista. Ainda assim, com planejamento, diálogo e muito trabalho, tenho conquistado importantes espaços de representação e conseguido avançar na construção de um mandato propositivo e com entregas que, de fato, impactam positivamente o nosso estado e o país.

JC – Quais comissões a senhora integra na Câmara e como sua experiência como delegada contribui para o trabalho parlamentar? DK – Atualmente, por ter assumido a Terceira Secretaria da Câmara, sendo a única mulher em sua composição, não integro nenhuma comissão. Mas, nos primeiros dois anos, ocupei comissões estratégicas que dialogam diretamente com minha trajetória como delegada e com minhas pautas prioritárias, como a Comissão de Segurança Pública e a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da qual fui vice-presidente. Além disso, fui titular da Comissão de Constituição e Justiça, uma das mais importantes da Casa.

JC – Como a senhora tem direcionado suas emendas parlamentares? Quais critérios utiliza para definir as prioridades?
DK
– Te n h o a d o t a d o u m a p o s t u r a municipalista, ouvindo prefeitos, lideranças e a população local. Minhas emendas são voltadas principalmente para áreas e s s e n c i a i s c o m o s a ú d e , s e g u r a n ç a , assistência social, educação e infraestrutura. Os critérios são sempre o impacto direto na vida das pessoas e a urgência da demanda em cada localidade. Vejo as emendas como uma possibilidade de melhorar a vida da população, lá na ponta.

JC – Qual o valor total de emendas que conseguiu destinar para o estado e em quais áreas tem focado mais recursos?
DK – Já destinei mais de R$ 140 milhões em emendas para Sergipe, com foco em áreas essenciais, como já afirmei, sobretudo na saúde, segurança pública, infraestrutura e assistência social, além do fortalecimento dos municípios, uma pauta prioritária da minha trajetória. Faço questão de acompanhar de perto a execução desses recursos, para que, de fato, culminem em ações que beneficiem a população.

JC – Se pudesse destacar apenas três prioridades para seu mandato, quais seriam?
DK – Segurança pública, geração de emprego e renda e inclusão dos vulneráveis — especialmente pessoas com deficiência, neurodivergentes e populações em situação de vulnerabilidade social. Inclusive, esses são os meus principais eixos de atuação, estabelecidos no planejamento estratégico do mandato.

JC – Como avalia a representatividade de Sergipe no Congresso Nacional e o que acredita que pode ser melhorado?
DK – Sergipe tem parlamentares comprometidos, mas ainda enfrentamos dificuldades para garantir a atenção que o nosso estado merece no cenário nacional. Precisamos fortalecer a união da bancada e ampliar nossa articulação política para conquistar mais investimentos e visibilidade para as demandas sergipanas.

JC – Qual a importância da representatividade feminina no Congresso e o que ainda precisa avançar?
DK – A presença de mulheres no Parlamento é essencial para garantir políticas públicas mais justas e plurais, sobretudo a participação efetiva e em paridade, o que ainda não ocorre nos parlamentos brasileiros. Ainda enfrentamos muitos desafios, como a sub-representação, a desigualdade de oportunidades e a violência política de gênero. É preciso fortalecer mecanismos de participação, apoio e formação para que mais mulheres ocupem espaços de poder.

JC – Há algum projeto ou causa relacionada aos direitos das mulheres que considera prioritário?
DK – Sim. Tenho trabalhado por projetos que ampliem a rede de proteção às mulheres vítimas de violência, que garantam maior autonomia financeira e que promovam o acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade. A violência contra a mulher é um grande mal da nossa sociedade, e ela advém do machismo estrutural. Por isso é que nós precisamos tanto de políticas públicas que promovam a igualdade de direitos.

JC – Como avalia o atual cenário político de Sergipe? Quais são os principais desafios do estado?
DK – Sergipe tem se destacado, com grandes nomes crescendo politicamente, inclusive com protagonismo feminino. Temos avançado em várias frentes, mas ainda temos como desafio o fomento aos arranjos produtivos, identificando a vocação econômica/produtiva de cada região e incentivando o seu desenvolvimento social e econômico. Vejo com esperança a capacidade de articulação entre os poderes e acredito que, com união, conseguiremos dar respostas efetivas à população.

JC – Como vê a relação entre a bancada federal sergipana? Há cooperação ou predominam as divergências?
DK – Há cooperação, sim. Apesar das diferenças ideológicas, conseguimos dialogar em torno dos interesses de Sergipe. Acredito que a política deve estar a serviço do povo, e, nisso, a união da bancada é fundamental para garantir mais recursos e visibilidade ao nosso estado.

JC – Qual sua opinião sobre a atual gestão estadual e as prioridades que deveriam ser adotadas?
DK – A gestão estadual, do governador Fábio Mitidieri, tem atuado com responsabilidade e sensibilidade social. Acredito que as prioridades devem continuar sendo o desenvolvimento regional equilibrado, a geração de emprego e renda e o fortalecimento dos serviços públicos, especialmente em saúde e educação. Assim, Sergipe continuará se destacando, como, por exemplo, quando foi premiado por ter sido o estado que mais avançou no combate à desigualdade. Com Fábio, Sergipe também tem avançado na segurança, sendo hoje um dos estados do país com menor índice de criminalidade.

JC – A senhora pretende disputar a reeleição em 2026? Quais são seus planos políticos?
DK – Sim. Claro que, no momento, estou totalmente focada no meu mandato atual, mas pretendo disputar a reeleição em 2026 e continuar esse trabalho que já rende tantos frutos para o estado. Até lá, vamos dialogando com o partido, com o grupo político e, principalmente, com a população.

JC – Como avalia o cenário eleitoral que se desenha para 2026 em Sergipe?
DK – Acredito que será um cenário de avaliação concreta dos resultados entregues por cada liderança. O eleitor quer trabalho, compromisso e coerência. Quem demonstrar isso com ações reais terá mais legitimidade junto à população.

JC -Há algum nome que considera ideal para o governo do estado ou para o Senado?
DK – Nosso estado tem crescido significativamente sob o comando do governador Fábio, e acredito que seja ideal ele disputar a reeleição para continuar esse trabalho. O governador tem preparo, espírito público e compromisso com o desenvolvimento de Sergipe e, além dele, que tem o meu apoio, vejo isso também no senador Alessandro, que tem realizado um grande trabalho em prol do nosso estado.

JC – Qual o papel do PSD nesse processo eleitoral em Sergipe?
DK – O PSD tem papel estratégico. É um partido forte, com líderes comprometidos e um projeto de desenvolvimento sólido para o estado. É o partido que governa o nosso estado e que preside a Assembleia Legislativa, com grande representação nos parlamentos e um grande número de prefeitos. De modo que estaremos alinhados com o que for melhor para Sergipe, sempre com diálogo, responsabilidade e foco na melhoria da vida do nosso povo, de mãos dadas com o desenvolvimento.